livros não-ficção
corpo e a imagem são aqui
objecto de reflexão.
Em relação à imagem,
Bragança de Miranda não
pode deixar de partir da
consideração de que nunca
como agora a imagem se
10
TOP
JJJJJ
INTELECTUAIS
PaulJohnson
Guerra & Paz,
2009, trad.
de Rui Santana
impôs com tanta força e com Brito, 496 págs.,
tanto poder de proliferação no
nosso universo estético, MAIS
¤24,40
ENSAIO Vinte
técnico, quotidiano, político e anos após a edição original, ainda
histórico. Mas não para
19 a 25 de Janeiro
há quem leve a sério o tablóide de
deduzir daí que a nossa época
BERTRAND
Paul Johnson.
é a do triunfo incondicional
1.LuaNova S. Meyer
2.Eclipse S. Meyer
das imagens. Pelo contrário, é
3.Crepúsculo S. Meyer
IBSEN batia em cães. Bertrand
da “crise da imagem” que
4.TesourosEscondidos
Russell tinha mau hálito. Kenneth
trata a primeira parte deste Nora Roberts Tynan gostava de levar tau-tau.
livro (o que faz dele algo de
5.AVidaNumSopro
Estas e outras pertinentes revela-
José Rodrigues dos Santos
BOTELHO
muito mais interessante do ções podem ser encontradas na
6.SaúdePerfeita
que o título pode deixar
Deepak Chopra
acta da mais sofisticada sessão
NUNO supor). A “crise” é, aliás, o
7.AViagemdoElefante
de costura de todos os tempos. O
território do discurso José Saramago primeiro problema de “Intelec-
De crise em crise
conceptual deste livro: ele
8.Dá-meoTeuAmor
tuais” é tentar estabelecer o que
avança de crise em crise e
Marisa de los Santos
são ‘intelectuais’. A definição é
9.SintoMuito
dá-nos uma configuração da
Nuno Lobo Antunes
tão elástica que se rompe ao atra-
época. Mas como chega
10.ARazãodosAvós
vessar os próprios parâmetros.
Bragança de Miranda à ideia Daniel Sampaio Se aceitarmos tacitamente a defi-
J. A. BRAGANÇA de Miranda PENSAR de uma “crise da imagem”?
EUROPA-AMÉRICA
nição de Paul Johnson — um inte-
é um ensaísta prolífero,
O CORPO
Regressando ao princípio (e
E LYON
lectual é todo aquele que tenta
ecléctico e com uma enorme “no princípio eram as 1.TodaaVerdade usar a razão para criar uma nova
capacidade de atravessar
E A IMAGEM
imagens”), fazendo uma
sobreoClubeBilderberg
ordem social e moral —, algumas
diferentes saberes e
PARA ALÉM
interpretação cultural,
Daniel Estulin
inclusões são questionáveis: He-
disciplinas. Quase em filosófica e antropológica
2.ARazãodosAvós
mingway? Edmund Wilson? Ja-
Daniel Sampaio
simultâneo, publicou agora
DOS CLICHÉS
essencialmente “imaginativa”,
3.AViagemdoElefante
mes Baldwin? Mas a coerência
dois livros. O primeiro — recuando ao momento José Saramago pouco importa. A selecção é arbi-
“Envios. Uma primordial em que as imagens
4.OCorpoEstranho
trária e a definição acaba por reve-
Experimentação Filosófica na ainda não são uma função da
Robin Cook
lar-se como circular: um intelec-
Internet” (Vega, 158 págs., sociedade do espectáculo, mas
5.OCondenado J. Archer
tual é alguém que faz as coisas
6.AVidaNumSopro
¤12,60) — é um conjunto de trazem consigo uma verdade
José Rodrigues dos Santos
feias que as pessoas identificadas
textos breves (anteriormente que quebra o “absolutismo do 7.HistóriasdaTerra por Johnson como intelectuais fa-
escritos para um blogue) que real”. Vista nesta perspectiva,
edoMarSophia de Mello
ziam. O segundo problema é a ex-
partem sempre de um motivo, a imagem é algo muito mais
Breyner Andresen
trapolação espúria de um facto re-
de um tema, de uma imagem, complicado do que aquilo que
8.OSenhordosAnéis
lativamente incontroverso: “As
J. R. R. Tolkien
de um conceito, traçando um a imagiologia, e todos os seus
9.MemorialdoConvento
grandes obras produzidas pelo in-
percurso de conhecimento avatares, faz dela. Por isso, ela José Saramago telecto não são resultado de um
que não é puramente teórico só se oferece à compreensão,
10.OCavaleiro
trabalho abstracto do cérebro e
nem apenas literário. A convocando a filosofia, a
daDinamarca Sophia de
da imaginação: estão profunda-
categoria do Denkbild,da antropologia, a mitologia. A
Mello Breyner Andresen
mente enraizadas na personalida-
imagem do pensamento, imagem estética é o que neste FNAC de.” A ligação entre personalidade
talvez seja a mais ajustada livro menos interessa.
1.Eclipse S. Meyer
e produção intelectual poderia
para defini-los. São, em todo o Este modelo de pensamento
2.LuaNova S. Meyer
ser o ponto de partida para refle-
3.Crepúsculo S. Meyer
caso, experimentações sobre a imagem serve, nalguns
4.AViagemdoElefante
xões interessantes, mas estas te-
extremamente ágeis. aspectos importantes, para
José Saramago
riam de estabelecer, como ponto
A desenvoltura do ensaísta pensar também o corpo como 5.AVidaNumSopro de partida, que essa ligação não é
(às vezes em excesso) e o questão não meramente
José Rodrigues dos Santos
linear: uma obra de arte ou um sis-
saber poligonal que exibe
6.OEstranhoCaso
JJJJJ
epocal. É certo que ao corpo tema filosófico não é a expressão
deBenjamimButton
(arriscando, às vezes, uma pós-humano e maquínico
F. Scott Fitzgerald
directa de uma personalidade; é
exuberância complacente) abundantes páginas do livro
7.Histórias
muitas vezes uma supressão, mo-
concorrem para pensar as CORPOEIMAGEM são consagradas. Mas há uma Extraordinárias E. A. Poe dificação ou intensificação dessa
duas categorias que servem de JoséA.Bragança questão trans-histórica,
8.OSeuPrimeiroMilhão
personalidade. Há casos em que
título ao outro livro: “Corpo e deMiranda essencial, do corpo. E é para
Pedro Queiroga Carrilho
a vida invalida as ideias, mas es-
9.TesourosEscondidos
Imagem”. E dizemos Vega, 2008, ela que somos convocados.
Nora Roberts
ses casos são raros. O facto de
“categorias” porque é 192 págs., ¤12,60 António Guerreiro
10.AAudáciada
uma conduta pessoal não ser coe-
sobretudo enquanto tal que o aguerreiro@expresso.impresa.pt Esperança Barack Obama rente com um conjunto de princí-
34 31 Janeiro 2009 Expresso