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Expresso, 31 de Janeiro de 2009 PRIMEIRO CADERNO 07
SUCESSÃO NO PS
Ese...
... o céu caísse sobre a cabeça
de José Sócrates e o
secretário-geral do PS, com
recandidatura anunciada e
sufrágio interno marcado
para daqui a quinze dias, se
visse obrigado a renunciar?
O cenário não passa, neste
momento, disso mesmo: de
um cenário. Mas não é difícil
imaginar que, a verificar-se, a
liderança do PS passaria para
António Costa. O presidente
da Câmara de Lisboa, que se
candidatou à autarquia em
2007 no pressuposto de que
o seu mandato seria pelo
menos por seis anos,
ver-se-ia, é certo, perante um
dilema: abandonar o
compromisso com os
lisboetas (abdicando de fazer
algo que verdadeiramente
gosta de fazer) ou virar
costas, num momento de
indiscutível ‘tragédia’ grega,
ao partido que há anos se
prepara para liderar? Poucos
duvidam que Costa, mesmo
que vacilando num primeiro
momento, não acedesse a
‘salvar’ o PS. Mas o ‘não’ é —
desde que Jaime Gama e
agarraram, em 2003, para in- terres” e mais facilmente se
António Vitorino o
terpretar a prisão preventiva do afundará no pântano do que fu-
proferiram noutras alturas
então delfim socialista Paulo Pe- girá dele, reina o silêncio. “To-
igualmente cruciais —, uma
droso) veio imediatamente à ca- tal e radical”, como adjectivava
hipótese a considerar. E, aí,
beça de toda a gente quando se ao Expresso um destacado de-
a missão espinhosa de
ouviu Sócrates a estranhar a putado da maioria. Nem Ma-
aguentar um barco então
‘coincidência’ de a investigação nuel Alegre, instado pelo Ex-
verdadeiramente à deriva
sobre o Freeport ganhar inespe- presso, quis pronunciar-se. A
poria à prova o espírito de
rado avanço em anos eleitorais quinze dias das eleições direc-
sacrifício de outros
(2005 e 2009), mas rapidamen- tas que deverão reeleger Sócra-
dirigentes: Silva Pereira,
te o próprio pôs os pontos nos tes para mais um mandato co-
Vieira da Silva ou Santos
is: “Tenho total confiança nas mo secretário-geral, o clima é
Silva poderiam ser
instituições da justiça; sei bem de apreensão, ainda que disfar-
‘obrigados’ a chegar-se à
que darão o seu melhor para çada sob a calma aparente dos
frente. Em qualquer dos
apurar toda a verdade”, afir- que afirmam nada temer, cer-
casos haveria um congresso.
mou o primeiro-ministro, que tos de que a assertividade de Só- E a não ser que as
antes denunciara “uma campa- crates decorre do facto de ele circunstâncias ditassem uma
nha negra com recurso às técni- ter a consciência “absolutamen- artificial união do partido,
cas habituais da deturpação e te tranquila”. Mas a dúvida pai- António José Seguro
da insídia”, com raízes — suben- ra. E ou é esclarecida rapida- concretizaria agora, muito
tende-se — no combate políti- mente, antes de eleições (algo provavelmente, a
co-partidário puro. “As fugas que nem o Ministério Público, candidatura que esteve à
de informação são selectivas, pela voz da procuradora-adjun- beira de formalizar
manipuladas e orientadas para ta Cândida Almeida garantiu em 2004. C.F.
um único fim: atingir-me pes- poder fazer), ou as suas conse-
soalmente”, disse ainda. quências são, está bom de ver,
No PS, com excepção da per- politicamente imprevisíveis.
ceptível convicção generaliza- Cristina Figueiredo
da de que “Sócrates não é Gu- cfigueiredo@expresso.impresa.pt
Sarmento diz
crates) prova apenas que esta- públicas. É que Barroso tinha afir-
mos perante pessoas de bem, mado na campanha que enquan-
que Sampaio
amigos do seu amigo”, ironiza o to houvesse gente a viver na po-
ex-ministro. breza não daria luz-verde a gran-
quer “salvar
O gabinete de Durão Barroso des investimentos. Foi quanto
não quis comentar o comunicado bastasse para a consulta prévia à
o amigo”
que Sampaio difundiu pelos me- lista de Sampaio travar, entre ou-
dia. Nele, Sampaio esclarecia que tros, o diploma que previa a cons-
apenas promulgou o decreto que trução de um novo pólo universi-
alterou os limites da Zona Prote- tário em Viseu.
gida onde veio a construir-se o O que isto prova é que a consul-
Durão não gostou de ouvir Freeport “após os responsáveis ta pedida por Sampaio não é um
Sampaio envolvê-lo do novo Governo prestes a entrar mero pró-forma. Isso acontece
no decreto da polémica em funções, ao terem sido chama- com a chamada “referenda”, ou-
Freeport. Os barrosistas dos a pronunciar-se, não terem tro acto administrativo previsto
dizem que é o ‘‘vale tudo’’ manifestado quaisquer reservas na transição entre governos, que
ou objecções”. “Sem comentá- se traduz, esse sim, num mero ac-
Nuno Morais Sarmento acusa rios”, afirmou Leonor Ribeiro da to do Governo que entra de refe-
Jorge Sampaio de ter envolvido Silva, assessora de Durão Barro- rendar os diplomas acabados de
Durão Barroso na aprovação do so em Bruxelas, enquanto, em promulgar pelo PR. Neste caso
polémico decreto que alterou a Lisboa, a irritação provocada pe- não há espaço para quem chega
ZPE (Zona de Protecção Espe- las palavras de Sampaio não pas- condicionar leis aprovadas pelo
cial) do Estuário do Tejo para sou despercebida entre os barro- governo cessante e já promulga-
“salvar o amigo”. sistas. “Entrou-se no vale tudo”, das. O que se passou com o decre-
Em declarações ao Expresso, o foi um dos mais softs desabafos to que liga ao Freeport é diferen-
ex-ministro da Presidência do captados pelo Expresso. te: houve consulta ao Governo de
PSD diz que evocar o Governo Os argumentos do ex-Presiden- Durão que deu luz-verde à sua
Barroso “não é correcto” e expli- te encontram, no entanto, algum promulgação. Morais Sarmento
ca porquê: “O dr. Jorge Sampaio eco nos relatos históricos do que sublinha, no entanto, que “fize-
sabe perfeitamente que a verifica- se passou na transição entre os mos o que é normal fazer-se: vi-
ção de uma enorme lista de diplo- governos de Guterres e o de Du- mos se formalmente estava tudo
mas na passagem de um Gover- rão. É que da extensa lista de di- bem com os diplomas. Era impos-
no para outro, com calendários plomas que Sampaio enviou para sível dissecá-los a todos”.
apertados e quando as novas avaliação do Governo PSD/CDS, Isaltino Morais, o ministro do
equipas acabaram de entrar, é re- alguns foram travados na sequên- Ambiente de Durão, recusa-se a
lativamente formal”. Na opinião cia dessa consulta. Sarmento con- falar. “Já estou habituado a que
de Sarmento, “a intervenção de firma-o: “Houve, de facto, uma nestes casos tudo se saiba pelos
Jorge Sampaio (como a de Frei- atenção especial a alguns diplo- jornais e nunca pelas vias compe-
tas do Amaral na SIC-Notícias ou mas sensíveis à luz dos temas da tentes. Acho isto tudo uma vergo-
a de Proença de Carvalho na nossa campanha eleitoral”. Exem- nha”, disse ao Expresso. Â.S.
RTP-N, onde foram defender Só- plo: tudo o que implicasse obras asilva@expresso.impresa.pt
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