Expresso, 31 de Janeiro de 2009 PRIMEIRO CADERNO 17
EDUCAÇÃO ACORDO
Escolas questionam Ministério
Cruz
Vermelha
apoia Casa
sobre consequências da avaliação
do Artista
Hospital dá cuidados
de saúde preferenciais
a residentes
Conselhos executivos não sabem o que fazer aos muitos professores que recusaram
Os residentes da Casa do Artista
entregar os objectivos dentro do prazo estipulado e querem orientação da tutela vão passar a dispor de cuidados
de saúde preferenciais no Hospi-
A confusão em torno da avalia- ções da tutela. E as interpreta- rece-me que têm de assumir a res- as metas que constam no projec- é cedo para fazer balanços sobre tal da Cruz Vermelha Portugue-
ção de desempenho dos professo- ções sobre o que devem fazer os ponsabilidade pelo seu acto. Mas to da escola. “Mas não temos ca- a adesão dos docentes a mais es- sa (HCVP), segundo o acordo as-
res continua, com vários conse- conselhos executivos — substi- aguardo instruções”, continua. pacidade jurídica para fazer estas ta forma de luta. Quanto às conse- sinado entre as duas instituições.
lhos executivos a assumir que tuir-se ou não aos avaliados, defi- No Agrupamento de Escolas interpretações. Pedimos orienta- quências, a discussão poderá só Os associados da Casa do Artista
não sabem o que fazer com os do- nindo os objectivos por eles — Diogo Cão (Vila Real), a contesta- ções à direcção regional do Norte acabar nos tribunais. passam a ter acesso gratuito ao
centes que, terminado o prazo, também são diversas. ção foi levada ao extremo, com e estamos à espera”. Isabel Leiria atendimento permanente na
não entregaram os seus objecti- É neste cenário de dúvida que o 240 professores a não participa- Uma coisa é certa, admite este ileiria@expresso.impresa.pt Cruz Vermelha e prioridade nas
vos individuais. Conselho de Escolas pediu à tute- rem neste acto e apenas meia professor: “O equilíbrio emocio- marcações. Para promover a qua-
Há escolas que notificaram os la uma reunião para o esclareci- centena a fazê-lo, na sua maioria nal dos colegas foi beliscado e no- lidade dos cuidados médicos, a
professores de que vão ser penali- mento destas questões, disse ao contratados que temem conse- ta-se uma grande retracção em Cruz Vermelha vai constituir o
zados com a não contagem do Expresso Álvaro dos Santos, pre- quências em futuros concursos, fazer aquilo que sai fora do seu fundo HCVP/Casa do Artista,
tempo de serviço para efeitos de sidente deste órgão consultivo do conta o vice-presidente do conse- serviço lectivo normal”. que será financiado, entre outras
progressão na carreira. Outras Ministério da Educação (ME). lho executivo, José Azevedo. Há ainda escolas onde o prazo
Vejaodossiêsobreotema
formas, através da promoção da
que se recusam a decretar conse- Também na sua escola, a Joa- O professor entende que para para cumprir esta etapa da avalia-
www.expresso.pt/dossies
entrega de um euro por cada fac-
quências e aguardam orienta- quim Gomes Ferreira Alves (Por- estes casos devem ser assumidas ção ainda não terminou, pelo que tura liquidada ao hospital.
to), houve quem não entregasse
os objectivos. “Vamos notifi-
cá-los do incumprimento. Mas
não vamos dizer que consequên-
VERSÕES DIFERENTES cias vão ter. Essa interpretação
tem de ser feita a um nível que
não o de escola a escola. Tem de
nMinistério haver uma orientação do ME”,
Entende que a auto-avaliação defende Álvaro dos Santos.
não é possível sem que estejam Por agora, as orientações têm si-
previamente definidos do dadas através de e-mails da Di-
os objectivos individuais. recção-Geral dos Recursos Hu-
E a não realização manos (DGRHE) e na página da
da auto-avaliação é uma Internet do ME, onde vão sendo
violação de um dever dadas respostas à medida das per-
profissional, susceptível de guntas das escolas.
procedimento disciplinar “A escola deve definir se avalia
os docentes que não procederam
nSindicatos à entrega dos objectivos indivi-
Garantem que nenhuma duais, do mesmo modo que deve
lei diz que a entrega decidir se define os objectivos pa-
dos objectivos é obrigatória, ra os que não os entregarem”, diz
pelo que um professor uma das respostas da DGRHE.
não pode ser penalizado Mas a questão não é pacífica.
ou afastado “Não vejo que o ME possa endos-
da auto-avaliação sar às escolas a responsabilidade
de decidir dessa maneira”, comen-
ta Manuela Esperança, presiden-
te da Secundária Vergílio Ferrei-
ra, em Lisboa. Na sua escola, qua-
se metade dos professores não en-
tregou os objectivos. “Não os vou
obrigar, nem definir por eles. Pa-
POLÉMICA
Família de Varella Cid
responde a Hosmany
Os seis filhos do pianista seus”, a família manifesta “pe-
português mostram-se sar pelo carácter extemporâneo
‘convictos’ da morte do pai da discussão ou relato do que se
terá passado há quase 30 anos,
As declarações do foragido brasi- quando qualquer contraditório
leiro Hosmany Ramos ao Ex- se torna impossível, dado o desa-
presso, sobre o misterioso desa- parecimento de uma das par-
parecimento de Varella Cid, sus- tes”. Desaparecido em 1981, Cid
citaram uma reacção dos familia- foi declarado morto em 1994,
res do pianista português e em mas o corpo nunca apareceu.
particular os seus seis filhos. Os familiares de Varella Cid
Em documento subscrito pela mostram-se “convictos” da sua
família, escusam-se a “fazer juí- morte e, “tendo em conta a falta
zos de valor sobre o interesse da de prova da veracidade das afir-
entrevista, cuja credibilidade não mações” de Hosmany, vêm “la-
pode, naturalmente, deixar de mentar a versão equacionada tan-
ser posta em causa”. Cirurgião to por este como até pelo artigo,
plástico, Hosmany foi condenado indiferente aos nossos sentimen-
a 47 anos de prisão. Detido desde tos”. “Sem negar tudo o que de er-
1981, encontra-se a monte desde rado” o pianista “possa ter feito,
2 de Janeiro, quando se escusou ficaremos de qualquer modo com
a regressar ao presídio. Dias de- as nossas memórias e saudades.
pois, avistou-se com o Expresso Sérgio Varella Cid ficará para a
no interior do Brasil. O nome de História como um dos mais bri-
Hosmany costuma ser associado lhantes pianistas clássicos do sécu-
ao desaparecimento do pianista. lo XX e não apenas do panorama
Na entrevista da semana passa- português. Será este o ‘nosso com-
da, o cirurgião e ficcionista disse promisso com a verdade’ que sem-
que não tinha morto Varella Cid, pre guardaremos”. Para a família,
mas não descartou a hipótese de “todas as histórias têm um fim; es-
ele ainda estar vivo. te será o nosso. Que Deus o prote-
Invocando o “dever de solida- ja para todo o sempre”.J.P.C
riedade e respeito para com os jcastanheira@expresso.impresa.pt