CORAGEM
TEORIA DA EVOLUÇÃO
Darwin,
o agitador
PodiatersidopastordaIgrejaanglicanamas
acabouporredigirateoriaqueafastaaintervenção
divinadaevoluçãodasespécies.150anosdepois,
CharlesDarwincontinuaaprovocardebates
inflamados. TEXTODENELSONMARQUES
á algo de subtilmente iró- de Fevereiro de 1809) e do 150º aniversário
H
nico nos retratos do ho- da publicação da sua obra de referência, “A
mem que desafiou o mito Teoria das Espécies”, que revolucionaria pa-
da criação divina das espé- ra sempre a concepção do mundo natural.
cies. Com a sua longa e far- “Só te preocupas com a caça, os cães e os
ta barba branca, sobrance- ratos. Serás uma vergonha para a família e
lhas carregadas e um na- para ti mesmo”, ter-lhe-á dito um dia o pai,
riz que o próprio conside- conhecido médico. Por influência deste, ins-
rava desproporcionado, Charles Darwin é creve-se com o irmão no curso de Medicina,
a imagem de um profeta. mas acaba por desistir por não suportar ver
Do adolescente que preferia a caça à gali- sangue. Segue então o curso clássico em Cam-
nhola e as colecções de escaravelhos aos es- bridge com o objectivo de se tornar pastor da
tudos não reza a história, pelo menos a que é Igreja anglicana, mas a única disciplina que
contada pelas fotografias mais célebres da frequenta com regularidade é a de Botânica.
época. As que sobrevivem são a prova da sua Aí conhece o professor John S. Henslow,
própria evolução: do jovem nascido no seio um encontro que lhe proporcionará a viagem
de uma família abastada ao cientista notá- decisiva para a elaboração da sua revolucio-
vel, celebrado este ano por ocasião do bicen- nária teoria. Pouco depois de terminar os es-
tenário do seu nascimento (Shrewsbury, 12 tudos, Henslow recomenda-o para o cargo de
34 REVISTA ÚNICA·31/01/2009