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SENSAÇÕES GRANDES DIAS PEQUENOS MUNDOS MIGUEL CALADO LOPES
Ensaios civilizacionais
Primeiro os livros recomendados:
“The Jewel of Medina”, de Sherry
Jones, sobre a vida amorosa do profe-
ta Maomé; “The Forever War dispat-
ches from the war on terror”, do
repórter Dexter Filkins. Depois, em
“The art of prize-fighting”, a mal-ama-
da importância dos prémios literários
e a garantia de continuidade da literatura séria. Antes
de passar ao tema de capa da “Prospect” de Janeiro,
um aprofundado ensaio sobre o futuro da globalização
à luz da actual crise financeira, o leitor pode ainda
assistir à conversa civilizacional e política entre dois
colegas de escola primária: Paul McCartney, o Beatle
compositor, e Jonathan Power, o jornalista. Saiba tam-
bém que o general David Petraeus foi eleito o intelec-
tual do ano e quem disputou com ele a nomeação.
Benfeitores
e malfeitores
A atracção
Aalma pela “Wired”
advém da
e o coração forma como
antecipa as
de Jerusalém grandes ten-
dências e as
De todas as revistas de grandes aplica-
viagens, a espanhola “Al- ções tecnocientíficas. Ao mes-
tair” distingue-se pela erudi- mo tempo, vai muitas vezes
ção, pela investigação e pela directa ao coração de benfeito-
redacção de textos temáti- res e malfeitores, como aconte-
cos. É uma revista muito ce nesta edição. Em “The Truth
bem estruturada na sua About Cancer”, o benfeitor é
paginação e edição, o que Don Listwin, um engenheiro de
facilita a leitura e a atracção sistemas com fortuna feita na
visual. Na parte final das suas Cisco que criou a Canary Foun-
habituais 160 páginas, a secção Filhos, filhas e respectivos pais dation partindo do princípio de
‘Cuadernos de Viajes’ dá espaço a que a detecção precoce é mais
pequenos apontamentos de Há dois anos, a “Granta” editou uma um problema de engenharia de
reportagens e de actualidade revista dedicada às mães, uma deliciosa sistemas biológicos do que de
informativa. Esta edição inclui e por vezes dramática selecção de medicina. O texto refere o
uma reportagem sobre trekking memórias que dão em cada uma das trabalho ao nível das técnicas
na Madeira. Com o subtítulo histórias as variantes possíveis de uma susceptíveis de detectarem as
‘Para ir más lejos’, a “Altair” relação primordial. Cabe agora a vez proteínas anunciadoras de
dedica este seu número 56 a dos pais “os homens que nos fizeram”, cancro. O malfeitor é Max
Jerusalém, um excelente traba- como escreve Alex Clark, o novo editor Butler, um jovem génio informá-
lho em que intervieram dois desta revista. Lendo os textos (260 págs.,¤22,10) fica-se tico que conseguiu controlar o
grandes especialistas, Jaume com a sensação de partilha tanto da primeira idade e mercado negro de cartões de
Bartrolí e Pere Vilanova, e outros juventude como da ambivalência sentimental que envol- crédito roubados através da
autores quase todos residentes na ve a relação com os pais. É uma rara oportunidade de Internet. Histórias com outros
cidade. Com eles a revista deam- saber como é que os autores trabalham a memória benfeitores: Steve Jobs, o grave-
bula pelos labirintos de uma como género literário. Francesca Segal, por exemplo, mente doente “pai” do Apple; e
cidade “chorada por Jesus, pelos fala do seu pai Erich Segal, autor de “Love Story” e os engenheiros holandeses à
judeus da diáspora, pelos muçul- vítima da doença de Parkinson desde os 18 meses dela. frente do projecto Delta destina-
manos e pelos palestinianos”. Não perder Siri Hustvedt, (My Father Myself) e Ruchir do a salvar a Holanda do au-
Uma extraordinária viagem. Joshi (Tracing Puppa). mento do nível do mar.
68 REVISTA ÚNICA ·31/01/2009