opinião tome nota
LUÍS LIMA
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Regressar das periferias
A semana que amanhã acaba começou com
boas notícias para Lisboa - um responsável por
uma empresa de investimentos imobiliários de
nomeada anunciou a construção de um centro
comercial de 40.000 m
2
na cidade e, o que é
mais importante, disse que em Portugal ainda há
espaço para crescer no sector imobiliário.
Estes investidores, que antes deste projecto
na capital vão abrir um retail park na Zona
Industrial da Maia, dizem que é em alturas de
crise que “há oportunidades, nichos de mercado
e situações que vale a pena explorar com o
objectivo de fechar negócios”, e preparam-se,
em conformidade, para aplicar em Portugal 100
milhões de euros até ao ano de 2011.
Das declarações sobre estes investimentos
amplamente divulgadas pela comunicação social,
retenho a intenção expressa de que o anunciado
na Baião
centro comercial “irá situar-se em Lisboa
afia: A
o
gr
e não na periferia”, e terá um hipermercado F
ot
como loja-âncora, o que indicia a ideia de um
regresso em força das pessoas à cidade.
Este movimento de regresso das populações
Quem tem mais de 50 anos e vai
aos despovoados e terciarizados centros das
recorrer a crédito bancário para comprar
grandes cidades, transporta-nos para uma outra
vertente do negócio imobiliário, o da reabilitação
casa pode poupar quase 200 euros se fizer
e regeneração dos centros históricos urbanos,
esvaziados, entre nós, a partir dos finais dos anos
a escolha certa
60 até ao boom da construção dos anos 80 e 90,
a favor de incaracterísticas e áridas periferias. DESFRUTAR DA VIDA depois da reforma, junto de 18 bancos, produtos específicos para
Estes lugares periféricos, que não são nem principalmente quando esta surge muito antes compra de casa por seniores e, quando estes
campo nem cidade, ameaçando mesmo assumir dos 65 anos, é, cada vez mais, uma filosofia não existiam, o crédito convencional, mas com
a estranha categoria de não-lugar, por serem que está a ser seguida por muitos portugueses especificidades para proponentes seniores.
sítios por onde apenas passamos, numa fugaz precocemente retirados do activo. Para além “Só a Caixa Geral de Depósitos (CGD), Banif,
retirada, para um descanso, nocturno ou diurno, das viagens e do interesse por novas actividades, BES, Banco Best e Santander Totta dispõem de
de algumas horas, degradam-se mais depressa muitos são os que resolvem também investir produtos para cidadãos a partir dos 50 anos”,
do que os centros das cidades com alma e não numa segunda habitação, longe do bulício das regista-se no estudo. Mas o “Banco Espírito
são lugares que apeteça muito recuperar. cidades e com outra qualidade de vida. Santo (BES) e o Banco Best são as melhores
Pelo contrário, em cidades como Lisboa ou opções, por dispensarem a subscrição de seguro
como o Porto, ou cidades como Braga, Coimbra,
Setúbal, Faro, ou mesmo cidades mais de interior,
O IMPORTANTE
de vida, o que torna o crédito mais barato”,
conclui a DECO. Assim, a escolha acertada
a reabilitação e regeneração dos respectivos
centros históricos é muito mais do que lavar a
MESMO É
para um empréstimo de 100 mil euros a pagar
em 20 anos recaiu sobre estes dois bancos
alma, é a reanimação de locais, muitos deles
históricos, que podem tornar-se agradavelmente
DIRIGIR-SE A
que oferecem uma TAE de 6,53% e 6,54%,
respectivamente, valores muito inferiores aos
habitáveis e turisticamente atractivos.
VÁRIOS BANCOS
restantes bancos.
Quem viaja pelas cidades da Europa mais A associação de Defesa de Consumidores
rica percebe que essas cidades readquiriram
E COMPARAR
realça ainda que “os produtos da CGD e do
seduções antigas pela reabilitação/regeneração Santander Totta não podem ser contratados
num processo que também contribuiu para que
PROPOSTAS
pela maioria: afastam-se bastante dos pedidos
os respectivos países se tornassem mais ricos. comuns de crédito à habitação dos portugueses,
Ser rico não é esbanjar meios, é não deixar Porém, quando o pé-de-meia não é pois o primeiro só financia até metade do valor
degradar o que já se possui, sabendo manter o suficiente, a aquisição da casa tem de passar do imóvel e o segundo está limitado a montantes
que se tem, recuperando e reabilitando sempre pelo recurso ao crédito bancário que, por superiores a 250 mil euros e 75% do valor
que necessário. regra, “afunila” as condições de acesso para do imóvel”.
É isso que temos de fazer mais e mais também quem tem mais de 50 anos. O custo do seguro O importante mesmo, como aconselha
neste sector do imobiliário. Aumentando a nossa de vida e o limite de idade do titular do a DECO, para quem tem mais de 50 anos e
quota de reabilitação urbana, ainda residual se empréstimo condicionam muito a escolha de pretende comprar casa a crédito, é dirigir-se
comparada com a Europa rica, e dando mais força quem está nestas condições, por isso, a DECO, a vários bancos e comparar propostas. Poderá
a esse movimento de cidadania que reside no a Associação de Defesa dos Consumidores, fez poupar até 186 euros por mês, conclui-se
regresso aos centros das populações atiradas pesquisa para descobrir quais as instituições no estudo.
para as periferias. com ofertas mais favoráveis. Marisa Antunes
Na revista Dinheiro e Direitos, na edição
E-MAIL luis.lima@apemip.pt Janeiro/Fevereiro 2009, a DECO investigou,
ONLINE www.deco.proteste.pt
7