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DESAFIAR O MEDO
D.R.
CARVALHO
LUIZ
VASCO PINHOL ADORA
ESTAR DENTRO DE ÁGUA,
ELEMENTO QUE COMPA-
RA AO LÍQUIDO AMNIÓTI-
CO. COM MILHARES DE
MERGULHOS NO CURRI-
CULUM, JÁ SOFREU
VÁRIOS ATAQUES DE
BICHOS PERIGOSOS,
COMO OS TUBARÕES
JOÃO GARCIA EM 2010
ESPERA ENTRAR NO
RESTRITO CLUBE DOS
ALPINISTAS QUE, SEM
OXIGÉNIO, ATINGIRAM
OS 14 PICOS DA ZONA DA
MORTE. HÁ DEZ ANOS IA
PERDENDO A VIDA NO
EVEREST, ONDE DEIXOU
UM AMIGO
companheiro de trabalho do português. Gar- nhou “um bónus” e a preocupação maior é coragem. Presentemente, está a três escala-
cia não escapou, contudo, ileso e ficou com começar a descer, porque a jornada está só a das do objectivo de chegar ao cume, sem oxi-
lesões irreversíveis no corpo. meio. Neste caso, ficou lá duas horas à espe- génio, das 14 montanhas com mais de oito mil
“As pessoas catalogam-nos como corajo- ra de Pascal, começou a descer mas voltou a metros, um feito alcançado por apenas sete
sos, como heróis… Mal sabem que eu, se ca- subir com o amigo, não deu atenção ao facto pessoas. A partir dos 7500 metros entra-se na
lhar, tenho tanto ou mais medo do que qual- de o sol se estar a pôr, tinha abandonado as chamada zona da morte. “Lá em cima não vi-
quer uma delas naquilo que faço. Grande par- lanternas… O amigo ficou para trás e nunca vemos, sobrevivemos e apenas algumas horas
te das pessoas vê-nos como ‘uns tipos muito mais foi visto com vida. “Na montanha, não porque elevamos o nosso organismo a vários
corajosos, uns malucos!’ Se eu fosse maluqui- temos nada nem ninguém. Estamos entre- extremos.” Ar cada vez mais rarefeito, desi-
nho estava morto em três tempos. Porque gues a nós próprios”, comenta Garcia. dratação extrema, sangue mais espesso são
existem muitos riscos”, sublinha o alpinista, algumas das complicações que o organismo
hoje com 41 anos. “Felizmente, temos esse Analisar friamente as opções era o único ca- tem de enfrentar, correndo risco de edemas
medo porque é graças a ele que conseguimos minho a seguir face à tragédia. “Continuo a cerebrais ou pulmonares que matam em ho-
calibrar o bom senso para tomar as decisões gostar da montanha? E do alpinismo? É possí- ras. Todo o cuidado é pouco.
acertadas a tempo e horas. É, ao fim e ao vel voltar a praticá-lo? Como as respostas
cabo, um medo racional”, diz. eram afirmativas percebi que podia conti- “Omedoérelativoeexistesempre. E funcio-
João Garcia assume que no Everest come- nuar.” Até porque, para o alpinista portu- na como um alarme — é a dose necessária
teu vários erros e aprendeu, por exemplo, guês, escalar montanhas é um desafio pes- para podermos distinguir o perigo”, afirma
que quando se chega ao cume apenas se ga- soal, uma experiência, e não tanto um acto de Victor Hugo Cardinali, o empresário circen-
52 REVISTA ÚNICA·31/01/2009
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