CORAGEM
DESAFIAR O MEDO
risco
Na zona de
Quandoseescolhevivernazonadamorte,omedo
assumecontornosdesconhecidosparaocomum
dosmortais,tornando-senumimprescindível
alertadeperigo. TEXTODEANASOROMENHOEISABELLOPES
“Não há espécie com mais medo do que trabalho depende do rigor de outros. Victor
a espécie humana. É o tributo que temos Hugo Cardinali vive rodeado de bichos. Sabe
de pagar pelos nossos privilégios.” bem qual é o seu território. Mas perdeu conta
José António Marina, in "O Medo às vezes que foi ferido. Trabalham os quatro
— Tratado Sobre a Valentia" no ténue limite que separa a vida da morte.
Conhecem o medo, mas não deixam que este
oão Garcia vive na zona da mor- se torne num sentimento paralisante face ao
J
te. Ia perdendo a vida e ficou risco. Para eles, funciona como um baróme-
com lesões irreversíveis. A mon- tro, a medida exacta que os alerta para o peri-
tanha já lhe tirou dois amigos. go. E que lhes pode salvar a vida. Inconscien-
Vasco Pinhol vive debaixo de tes ou corajosos? Aventureiros ou heróis?
água. Desce a profundidades que Há dez anos o país recebia uma notícia
nem ousa confessar. E já esca- arrepiante: o alpinista João Garcia havia mor-
pou a ataques de animais tão te- rido a escalar o mítico Everest, o ponto mais
míveis como os tubarões. Raquel Nicoletti vi- alto do mundo. A montanha mágica tinha fei-
ve no ar. A mais de 30 metros do chão, execu- to mais uma vítima, mas, afinal, quem morre-
ta arrojados movimentos. O sucesso do seu ra fora o belga Pascal Debrouwer, amigo e
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