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exposições
coordenaçãoCelsoMartins
actual@expresso.pt
Teia de
palavras
JOVENS ISRAELITAS ÁRABES
E JUDEUS DISCUTEM O QUE
OS UNE E O QUE OS DIVIDE:
À SOMBRA DO MURO
Texto de Celso Martins
EM 2007, a artista portuguesa Filipa “TELAVIV#1”,imagem dispositivo para uma situação que reunia também sobre o colonialismo, a guerra
César foi convidada a fazer uma na exposição “The Four israelitas árabes e judeus. ou o amor, num debate que ecoa as
residência em Israel, no Israeli Center for Chambered Heart”, Se as obras de Filipa nem sempre são diferenças culturais entre os dois grupos.
Digital Art. Foi uma oportunidade para de Filipa César evidentemente políticas, elas focam com Filipa César cria as condições para um
visitar escolas e outras instituições e frequência a questão da comunicação acting out colectivo, gerando um
conhecer melhor um país que tem estado entre seres humanos, nas interacções, labirinto de vozes e perplexidades que
no centro das atenções internacionais nas equívocos e concordâncias suscitadas pela quase sempre desaguam na dificuldade
últimas décadas. partilha de um mesmo espaço ou de compreender o outro, através de um
Em “The Four Chambered Heart”, a linguagem, assunto que não podia ser dispositivo que mais uma vez ronda o
obra que daí resultou, em vez de realizar mais ‘quente’ num lugar como Israel, documentarismo sem se deixar enredar
um trabalho directamente relacionado sobretudo tão pouco tempo depois de nas malhas do maniqueísmo ou da
com a questão israelo-árabe, transformou Ariel Sharon ter ordenado a construção pedagogia barata.
a própria questão do diálogo, ou a falta
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do muro que isolou os palestinianos da Mostram-se ainda o filme de Rouch com
dele, numa situação mais universal, faixa de Gaza, remetendo a maioria para fotografias das suas bobinas e um
transformando o conflito local numa o desemprego e para a pobreza e muitos conjunto de imagens que deixam ver as
metáfora para qualquer conflito. THEFOUR para o extremismo. salas de aula onde decorreram as sessões,
Para tal, tomou como ponto de partida CHAMBEREDHEART Os estudantes foram convidados a o estúdio de gravação utilizado, e uma
o filme que Jean Rouch realizou em 1959, FilipaCésar visionar o filme de Rouch e a comentá-lo imagem dos célebres abrigos onde os
“La Pyramide Humaine”, onde se Galeria Cristina à luz da sua própria realidade, o que israelitas se escondem dos rockets do
propunha uma interacção entre dois Guerra, Lisboa, resultou numa espiral de considerações Hamas, testemunho impressivo de como
grupos — um de brancos, outro de negros até 21 de Fevereiro sobre as relações entre o cinema e a não há explicações simples para um
— da Costa do Marfim, adaptando o ideia de transformação política, mas conflito interminável.
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muito pequenos tondos, por vezes mente, barra e oblitera todas as ou, pelo menos, joga com uma versão através da multiplicação
MARIANAGOMES com memórias naturais, que nun- pinturas. O X lido no título não mu- possível, e falsa, mudança de senti- dos sentidos atribuíveis a essa le-
Galeria Módulo, ca naturalistas, num jogo da cor da de sentido, mas ganha um sen- do, uma vez que esse grande X bar- tra, a esse numeral romano, a es-
Lisboa, até 11 de Fevereiro matéria e da cor forma de uma tido novo, quando vemos a exposi- rado sobre um trabalho é, sobretu- sa barra dupla, feita de pintura,
qualidade de presença invulgar. ção: como sinal, ele pode significar do para quem se lembra de como que nos leva a ver cada quadro en-
ESTA é a segunda exposição da jo- Agora, Mariana vem-nos lembrar, um número indeterminado de ten- era trabalhar antes do computa- quanto superfície e enquanto pro-
vem pintora apresentada na Mó- através das obras que repetem o tativas ou, em romano, a quantida- dor, entendível como sinal de rejei- fundidade e, quer num caso quer
dulo no espaço de um ano. Em Fe- título, “X Tentativas”, as duas di- de, ou seja, dez tentativas de pintu- ção, de tentativa falhada. Teremos no outro, como esplendor da ma-
vereiro de 2008 pude descobrir, mensões da pintura de cavalete, ra já realizadas; o X visto, quero di- assim: X tentativas falhadas? Ma- téria pura. Como há um ano, mais
com gosto, uma pintora e uma pin- utilizando para tal a mais simples zer, pintado, em duas largas bar- riana Gomes diverte-se e diver- do que há um ano, Mariana pinta
tura determinada e firme, sem ar- e mais óbvia das demonstrações: ras geralmente brancas, não mu- te-nos com um jogo irónico que in- e não se arrepende!
rependimentos, em grandes ou um gigantesco X que, aparente- dando de forma muda de sentido clui um pequeno simulacro de sub- José Luís Porfírio
26 31 Janeiro 2009 Expresso
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