Expresso, 31 de Janeiro de 2009 ECONOMIA 17
EUROPARQUE E AINDA
Co-geração falhada queima AEP
Portugueses aumentam
para 12 mil em Israel
TURISMO Portugal foi o país que
mais cresceu em 2008 como
emissor de turistas para Israel
(12 mil, mais 131%). Israel rece-
Associação suporta prejuízo de um milhão por causa da falência do seu parceiro de consórcio beu 3 milhões de turistas, mais
32%. Este Verão, a Sun D’Or,
O Europarque permanece uma subsidiária da El Al, opera voos
fonte de preocupação para a As- directos entre Lisboa e Telavive.
sociação Empresarial de Portu-
gal (AEP). Uma central de co-ge-
CENTRAL-FANTASMA
ração inútil, em consórcio com Exportações de vinhos
o grupo HLC, vai gerar um pre-
de mesa a crescer
juízo da ordem de um milhão de
euros. O equipamento tem com-
prador apalavrado, o que pode-
rá atenuar os danos. E o IAP-
1,2
INTERNACIONALIZAÇÃO As expor-
tações de vinhos de mesa portu-
gueses cresceram em todos os
MEI quer de volta o subsídio mercados em 2008. Segundo a
com que financiou a instalação. milhões de euros a Viniportugal, Inglaterra foi o
A ideia era virtuosa. Além de foi o custo suportado mais discreto, com 1%, mas nos
abastecer o Europarque, a cen- pela AEP EUA as vendas subiram 30%
tral de co-geração permitiria e não se encontrava em valor e 20% em volume.
vender energia à rede eléctrica reflectido nas contas
nacional. O grupo HLC interes-
sou-se pelo projecto, assumindo Pfizer compra Wyeth
o investimento e gestão da cen-
tral. A amizade entre o empresá-
rio Horácio Luiz de Carvalho e
Couto dos Santos, na altura o
2%
por ¤52 mil milhões
FARMACÊUTICAS A Pfizer com-
prou a Wyeth por ¤52 mil mi-
responsável executivo da AEP, lhões e a integração das farma-
facilitou o entendimento. Mas, era a participação cêuticas vai gerar 19 mil despedi-
para enquadrar o projecto em da AEP no consórcio mentos. Em Portugal, as duas
programas de financiamento, a liderado pelo grupo HLC companhias dão emprego a 483
fórmula escolhida foi a constitui- OEuroparqueéumafontedepreocupaçõeseprejuízosparaaAEP FOTO RUI DUARTE SILVA pessoas. Os laboratórios não re-
ção de um Agrupamento Com- velam se o anunciado corte a ní-
plementar de Empresas (ACE). nava o negócio da co-geração e contas. “A AEP teve de assumir que não acompanhou de perto o da AEP que, em representação vel mundial inclui portugueses.
A AEP, tornou-se, por isso, um entrava em insolvência. Quando as responsabilidades face à insol- processo “devido à posição insig- da associação, era administra-
sócio passivo e irrelevante, to- chegou o momento da banca co- vência do seu parceiro no con- nificante que a AEP detinha”. A dor não-executivo no consórcio.
mando 2% do capital. Ficou, as- brar o empréstimo feito ao con- sórcio”, confirma uma fonte da única coisa de que se recorda é A AEP diz desconhecer “oficial- InterContinental abre
sim, solidária com a HLC no des- sórcio, a despesa sobrou para o Associação. A AEP foi ao merca- que “o equipamento era de alta mente” o caso, alegando que
10 hotéis a nível ibérico
tino do Agrupamento. Cons- sócio minoritário que se tornou do procurar interessados e terá qualidade” pelo que “não seria não recebeu nenhuma notifica-
truiu-se um edifício de raiz para no único representante do pro- já negociado o equipamento por difícil encontrar compradores”. ção. O Europarque tem levado EXPANSÃO Em 2009, a InterCon-
acolher a central que nunca pas- jecto. Na sequência de uma audi- ¤600 mil com um potencial Mas, a central alimenta uma se- as contas da AEP ao vermelho e tinental prevê abrir 10 novos ho-
sou da fase de testes. Alguns toria, a actual administração da comprador. A venda, todavia, gunda frente de conflito. O IAP- até agora só tem pago os juros téis em Portugal e Espanha, o
componentes foram desmonta- AEP ficou a saber que a central não foi ainda concretizada. MEI quer recuperar o subsídio dos financiamentos, sem amorti- que inclui um Crown Plaza em
dos e encaixotados, à espera da envolvera um custo de ¤1,2 mi- Couto dos Santos disse ao Ex- reembolsável, perto de ¤500 zar o investimento. Albufeira, um InterContinental
transferência da central. Na mes- lhões que não se encontrava pro- presso ter a ideia “de que a cen- mil, com que participara no pro- Abílio Ferreira no Porto e dois Holiday Inn Ex-
ma altura, o grupo HLC abando- visionado nem reflectido nas tral nunca chegou a funcionar” e jecto. Até já notificou o director aferreira@expresso.impresa.pt press (Lisboa e Porto).
INOVAÇÃO
Tecnologia
Ajudar empresários, bancos ou Apoio à Decisão do Instituto Su- As empresas podem recorrer a
fornecedores a medir a probabi- perior de Engenharia do Porto.
Criar uma start-up de sucesso
este sistema como um instru-
ajuda
lidade de falência de uma empre- O sistema, criado e testado a mento de trabalho, uma vez que
sa é o objectivo do IFRA — Im- partir de uma listagem de em- permite fazer simulações e alte-
proving Financial Risk Analysis, presas francesas (não foi possí- “Criar uma start-up de sucesso” é o objectivo da equipa do rar os rácios reais, para medir o
a prever
um novo sistema que avalia o ris- vel ter dados em Portugal), con- IFRA, um projecto multidisciplinar que junta, como parceiros impacto de uma decisão de ges-
co de insolvência de uma unida- seguiu uma taxa de sucesso de o Instituto Superior de Engenharia do Porto, Instituto tão na sua saúde financeira.
de com base em indicadores-cha- 94% quando usou o histórico de Superior de Economia e Gestão, Universidade de Coimbra Nesta fase, o acesso é gratuito,
falências
ve. O projecto pode, também, três anos, “percentagem muito e Universidade do Minho. Já apresentado internacionalmente com o duplo objectivo de testar
ser adaptado ao crédito pessoal. próxima do máximo que é possí- em conferências no Brasil e Nova Zelândia, o novo sistema a nova metodologia de análise e
“Usamos algoritmos que ten- vel esperar”, diz o investigador. de avaliação de risco tem atraído o interesse de instituições conquistar a confiança dos utili-
tam aprender em que situação Na banca, a taxa de sucesso ron- de outros países, mas a abordagem de empresas e bancos zadores. Mas, em meados do
uma empresa está bem ou corre da os 70%. nacionais está a ser mais difícil. Curiosamente, nasceu ano, o IFRA estará operacional
riscos para desenvolver o siste- Através do sítio www.ge- sob a coordenação de João Carvalho das Neves, agora na SLN. na sua versão mais complexa,
ma e reduzir significativamente cad.isep.ipp.pt/aires já está ao que disponibiliza outros instru-
o risco na tomada de decisão alcance de qualquer um conhe- mentos de análise, como a possi-
Projecto universitário comparativamente a técnicas es- cer a saúde financeira de uma simples, para facilitar o proces- os resultados operacionais, li- bilidade de comparar a situação
combina indicadores tatísticas convencionais”, expli- empresa com base em cinco in- so sem perder fiabilidade. O quidez geral, divida financeira de três empresas diferentes
económicos e inteligência ca Armando Vieira, do Gecad — dicadores-chave. “Temos um objectivo é trabalhar com 10 sobre o capital próprio, núme- num gráfico a três dimensões.
computacional para medir Grupo de Investigação em Enge- total de 30 indicadores, mas ou 15, no entanto já é possível ro de empregados e capacida- Margarida Cardoso
probabilidades de falência nharia do Conhecimento e procuramos uma solução mais medir o risco usando apenas de de autofinanciamento”. mmcardoso@expresso.impresa.pt