Expresso, 31 de Janeiro de 2009 ECONOMIA 21
GESTÃO
Ideias
Criatividade deve estar
em Estante
no posto de comando
Mafalda Avelar
mafalda@sapo.pt
O livro: “Negociar & Vender”
Ana Penim e João Catalão
Investigadores
de Harvard
Ferramentas de partilha
insistem que
é o momento
Têm muitas ideias, uma energia contagiante, um co-
nhecimento adquirido — que querem partilhar — e
de investir mais
assumem que gostam de fazer a diferença. Ana Pe-
nim e João Alberto Catalão são os autores de “Nego-
em inovação
ciar&Vender”, livro que já vai na 2ª edição, e que
“tem um posicionamento diferenciado”, diz Catalão,
“A criatividade não se gere, pro- acrescentando que o seu objectivo é levar as pessoas
move-se, e é mais do que nunca a experimentarem o que vão lendo. “Quando as pes-
vital em tempo de desafios”, soas estiverem a degustar o livro, que é o que nós
afirma Mukti Khaire, professo- queremos, pretendemos que não o leiam de uma vez,
ra na Harvard Business School mas que vão tomando contacto com os diversos capí-
em Boston, que organizou com tulos (todos à base de ferramentas que visam facilitar
Teresa Amabile uma reunião as interacções positivas com o mercado). Queremos
de uma centena de investigado- que cada vez que o leitor leia um capítulo, tenha von-
res, empresários e gestores na- tade de experimentar o que leu”. Como reitera Ana
quela escola em plena crise Penim, investigadora em psicossociologia do consu-
americana. A criatividade é o pi- mo, liderança, dinâmica comercial e coaching, este
lar fundamental da actual “eco- livro “é uma caixa de ferramentas de partilha”. Isto
nomia guiada pela inovação”. A porque “tem não só a visão que temos recolhido ao
competitividade transferiu-se longo da nossa experiência em Portu-
para este terreno. OGoogleincentivaosseusquadrosaprosseguiremprojectospróprios FOTO GOOGLE gal e em todo o mundo; mas tam-
Apesar da moda do downsi- bém conta com a participa-
zing, típico das crises de ra que estudou casos de inova- cimento público; mande outros ção de 43 líderes de
1981-1982 e 1990-1991, ter re- ção e criatividade tão diversos tomar conta do processo de co-
AMBIENTE CRIATIVO
opinião, que dão a
gressado em força, Khaire, que como o das adegas americanas, mercialização (são muitos pou- sua visão de cada
tirou o seu mestrado em Gestão o do novo sector da publicidade cos os criativos que o conse- um dos assuntos.”
no Instituto Indiano de Tecnolo- em Nova Iorque e Chicago, ou o guem fazer bem). n Aposte nos interesses Os autores subli-
gia em Mumbai e o doutora- do design de moda na Índia. Ela e paixões individuais de nham que “acre-
mento na Columbia Business é, também, especialista em em-
Tolerância zero é um erro
investigação dos seus ditamos que o
School em Nova Iorque, diz-nos preendedorismo. colaboradores, fora dos segredo dos
que encontrou “paixão entre os Aliás, os casos americanos A investigadora admite que, em projectos oficiais. Alimente os negócios ho-
participantes e imensas suges- mais falados apontam para uma período de crise, a sensibilidade hóbis de pesquisa criativa dos je em dia é o
tões e casos sobre como poten- geometria variável de métodos das administrações e dos accio- seus génios. Exemplos networking —
ciar ainda mais o poder da cria- — desde a tradicional aposta na nistas a falhanços em projectos americanos: 3M (o exemplo é a partilha.
tividade”. O fomento da criativi- 3M nos projectos individuais inovadores é maior: “A tolerân- clássico de que surgiu o famoso E, esta caixa
dade dentro das empresas não não oficiais, seguida mais recen- cia é mais reduzida, é verdade. post-it), Google (o programa de ferramen-
pode ser deixado ao acaso e à temente pelo Google, à original Contudo, as empresas têm de Innovation Time; casos como tas é exacta-
espontaneidade: “Há um con- abordagem de criação em gru- manter a perspectiva de longo Gmail, Google News, Orkut e mente o
junto de boas práticas que fo- pos diversificados pela consulto- prazo e não abandonar, de mo- AdSense surgiram assim) e exemplo dis-
menta uma cultura empresarial ra de design IDEO, ou aos “ace- do algum, as práticas que permi- Novartis (projectos não oficiais so”. Como úl-
que incentiva os colaboradores leradores”, entidades externas tem o desenvolvimento da criati- em doenças de nicho que tima nota, os au-
a serem mais criativos”. às firmas que avaliam ideias de vidade interna. Ora, criatividade apaixonam os investigadores) tores vão leiloar
um ponto de vista independen- sempre implicou experimenta- no sítio negocia-
Geometria variável
te, alheio às pressões dos lóbis ção e tolerância a alguns erros. n Crie equipas multidisciplinares revender.com um
internos das empresas. Só através desse processo evolu- num ambiente de escritório exemplar único,
O facto de se conhecerem várias Mas, como cimento comum a tivo se aprende e se inova, tra- fomentador de colaboração da primeira edi-
boas práticas não significa que todas as variantes, há cinco in- ves mestras para o sucesso de de proximidade ou virtual (em ção, autografado
haja um receituário ou um me- gredientes: envolva gente com longo prazo”. rede) e não acredite no mito pelos 43 líderes
nu rígido e muito menos que ha- diferentes perspectivas e compe- Além da pressão da intolerân- do criativo sozinho. Exemplo de opinião e pe-
ja um prato único. “Não há uma tências; evite a microgestão no cia em época de crise, Khaire fa- americano: IDEO los autores. A ver-
única via para gerar um ambien- processo criativo e admita que la ironicamente da intromissão ba reverte para
te de criatividade. Os participan- há sempre redundâncias; pro- constante do “espírito Dilbert” n Recorra a ‘aceleradores’ para uma associação
tes neste debate que organizá- porcione tempo e recursos sufi- (burocrático e empata) nos pro- testar ideias criativas. Exemplo de autistas.
mos foram muito claros nessa cientes para o período de discus- cessos e canais de criatividade. americano: Y Combinator
conclusão. Há até soluções opos- são; alimente um ambiente de Jorge Nascimento Rodrigues (sediada no Silicon Valley e em
tas”, refere-nos esta investigado- desafio intelectual e de reconhe- jnrodrigues@expresso.impresa.pt Cambridge/Boston) TOP DE VENDAS DESTAQUE
1 O Seu Primeiro
ß Em tempos de cri-
E AINDA COMPETIÇÃO
Milhão
Pedro Queiroga
se temos mesmo de
Carrilho apelar ao espírito em-
Lua de Papel
preendedor que habi-
2 Bolsa para Iniciados ta em cada um de nós.
Fernando
Braga Matos
Seguindo a máxima
Presença
“na crise é que estão
Qualificação é a arma 3 A Nova Inteligência
as oportunidades”, fi-
contra a crise Via Consulting aumenta
Daniel H. Pink ca aqui esta sugestão
Academia do Livro
de leitura que revela
TURISMO Na actual conjuntura
4 O Lado Escuro os segredos de Woz-
da Economia
adversa, o seminário “Ser em-
número de equipas
Loretta Napoleoni
niak, o engenheiro
preendedor no turismo em tem-
Presença
que inventou o compu-
po de crise”, da Associação de 5 Quem Mexeu
tador Apple. É o ter-
Profissionais de Turismo de Por-
no Meu Queijo ceiro livro da colecção
tugal (APDT), concluiu pela ne- A primeira participação da “Estamos a apostar em equi- Management Challenge. A inter-
Spencer Johnson
‘Jovem Empreende-
Pergaminho
cessidade da aposta na qualifica- empresa nesta prova deu-se pas de universitários, pois acre- nacionalização é outro argumen-
dor’ (Actual).
6 Outliers
ção e nichos de mercado. Foi no ano passado, quando ditamos que a aproximação en- to de peso para Luís Pereira.
Malcom ladwell
abordado o caso do turismo es- apoiou cinco equipas, valor tre o mundo académico e empre- “Enche-me de orgulho ver o Glo-
Dom Quixote
panhol que, afectado pela crise, que duplica nesta edição sarial é benéfica para todos“, ex- bal Management Challenge 7 Quente, Plano
gerou quase dois milhões de de- plica Luís Pereira, presidente da acontecer em países que vão des-
e Cheio
sempregados em 2008. Via Consulting. Outra das ra- de a América do Sul a África e
Thomas L. Friedman
Actual
zões para apoiar estudantes saber que tal resultado é traba-
8 Colapso de Um Bilião
prende-se com a possibilidade lho realizado por uma empresa
de Dólares
Bayer investe ¤1000 de identificar talentos, dada a es- portuguesa, dirigida por qua- Charles R. Morris
milhões em ambiente
treita relação que a empresa dros portugueses”, finaliza o
Gradiva
cria com as formações que presidente da Via Consulting.
9 Mercator XXI
Vários autores
SUSTENTABILIDADE Até 2010, o apoia. O desafio trabalha compe- As inscrições para a edição de
Dom Quixote
grupo Bayer está a investir tências como motivação e inova- 2009 do Global Management
10 Gestão de Vendas
iWoz — Os Segredos
¤1000 milhões num programa ção, valorizados por esta empre- Challenge já estão a decorrer.
José Luiz Tejon do Sucesso
de sustentabilidade ambiental A Via Consulting vai apoiar dez sa de consultoria. Os interessados em participar e Marcos Cobra do Empreendedor
que visa a redução das emissões equipas de estudantes na pre- A qualidade granjeada por es- devem contactar a SDG-Simula-
Gestão Plus
que criou a Apple
de dióxido de carbono (CO2). sente edição do Global Manage- ta prova criada pelo Expresso e dores e Modelos de Gestão, Av.
Top Semanal de Economia Steve Wozniak
da Fnac (24 a 30 de Janeiro)
Entre 1990 e 2007, a Bayer re- ment Challenge. O aumento do a SDG dentro de Portugal e o en- João Crisóstomo, nº 41, 3º, em
com Gina Smith
Actual Editora,
duziu em 37% os gases de efeito número de formações face ao volvimento que tem tido por par- Lisboa (Tel. 21 3157618). Pode “O Seu Primeiro Milhão”
311 páginas,
de estufa, os que mais contri- ano passado deve-se aos resulta- te de algumas das melhores em- ainda consultar o sítio na Inter- continua a liderar. 22 euros
buem para as alterações climáti- dos obtidos e ao prestígio e qua- presas nacionais, é mais um mo- net www.worldgmc.com
cas, e prevê manter níveis da lidade alcançados por esta com- tivo que leva a Via Consulting a Maribela Freitas
mesma ordem até 2020. petição portuguesa. querer estar ligada ao Global mfreitas@expresso.impresa.pt