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Diagnóstico O diagnóstico precoce durante a gra-


videz é de suma importância, já que a redução da frequência e da gravidade da infecção fetal depende do título de anti- corpos contra T. gondii apresentado pela gestante 19


. O diagnóstico da infecção


materna é feito pelo perfil sorológico da doença aguda, que avalia tanto anticor- pos IgM como IgG. Como os níveis de IgM podem manter-se positivos por até dezoito meses após a infecção, outros métodos devem ser utilizados para dife- renciar a infecção aguda da crônica, como o teste de avidez de anticorpos IgG, que demonstra baixa avidez (<30%) nos casos de infecção ocorrida nas últimas doze semanas e alta avidez (>60%) naqueles que tenham ocorrido há mais de doze semanas10


. O diagnóstico de infecção fetal pode


ser realizado por meio da cordocentese, realizada até a 22ª semana de gestação para detecção da resposta imune fetal (pesquisa de anticorpos IgM). Além deste, dispõe-se da amniocentese para realização da reação em cadeia da poli- merase (PCR) no líquido amniótico, cuja sensibilidade atinge 97,4%, bem como da ecografia, cuja sensibilidade é de 20%. Constituem achados sugestivos de infecção fetal por ultrassonografia a ventriculomegalia cerebral, a microce- falia, as calcificações intracranianas, a hepatoesplenomegalia, a ascite e a pla- centomegalia 10


. As recomendações para triagem so-


rológica em gestantes diferem de um país para outro, porque a relação custo/efetividade de cada programa varia de acordo com a prevalência da in- fecção pelo toxoplasma durante a gravi- dez16,20,21


.


Tratamento A transmissão vertical da toxoplas-


mose ocorre em torno de metade das pacientes não tratadas, podendo variar de 20 a 70%22


de reduzir os riscos de infecção con- gênita em 50%10,22


, sendo o tratamento capaz .


videz pode reduzir os sintomas em crianças infectadas 23


O tratamento realizado durante a gra- . Apesar de não


haver, ainda, um esquema de excelência para o tratamento pré e pós-natal da to- xoplasmose congênita, a terapia pré- natal parece de fato minimizar os efeitos da infecção, tornando-se uma alternativa


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prática e real para as gestantes 24


. Nesse


caso, preconiza-se terapia específica para o feto, com a associação da pire- tamina à sulfadiazina, acompanhada de ácido folínico alternado com espirami- cina, que, segundo alguns estudos, ge- ralmente não atravessa a placenta 25,26 Apesar de o tratamento controlar as


.


formas de rápida proliferação, não exis- te nenhuma droga capaz de eliminar os cistos teciduais latentes em humanos e animais, que se mantêm viáveis por longo período, podendo reativar a in- fecção 27


.


Fatores de risco para as gestantes O principal fator de risco para a infec-


ção em gestantes é o consumo de carne crua ou inadequadamente cozida, que contribuiu com 30% a 63% dos casos; outras 6% a 17% das infecções foram atribuídas ao solo contaminado24,28


.


Dentre os animais utilizados para consumo, os suínos, ovinos, caprinos e coelhos são os mais comumente infecta- dos com o T. gondii quando comparados com os bovinos e equinos 29


. A carne


suína é considerada a principal via de transmissão para os seres humanos nos Estados Unidos da América. O T. gondii pode sobreviver por mais de um ano no suíno, persistindo na musculatura, in- clusive nos cortes mais utilizados para consumo humano23


. Dentro desse contexto, a contamina-


ção pode ocorrer ainda de diversas for- mas, como pela manipulação de carnes cruas ou dos instrumentos que entraram em contato com estas, pela ingestão de frutas e verduras mal lavadas e de leite (principalmente de cabra, in natura) e água contaminados, pela manipulação de fezes de gatos com oocistos esporu- lados, e na jardinagem executada sem o uso adequado de luvas 4,26


. No entanto, a


toxoplasmose não foi caracterizada como doença ocupacional em profissio- nais de abatedouros 30


.


Fatores de risco para os gatos Em geral, gatos que habitam aparta-


. No entanto, tanto para gatos de rua como de apartamento, os oocistos


mentos infectam-se pela ingestão de cis- tos em carnes cruas ou mal cozidas for- necidas por seus responsáveis. Gatos errantes parecem mais propensos a serem infectados após a ingestão de caça como pequenos roedores e pássa- ros 31


esporulados podem ser ingeridos por meio de materiais diversos como: leite não pasteurizado, água, solo e vetores mecânicos como baratas e outros inse- tos 4


.


Desmistificação do papel do gato na toxoplasmose O papel do gato na toxoplasmose


consiste principalmente na perpetuação do parasita e na sua capacidade de con- taminar o solo com grande número de oocistos, por ser o único hospedeiro em que este completa seu ciclo 4


.


Assim sendo, a possibilidade de transmissão para seres humanos pelo simples ato de tocar ou acariciar um gato, ou até mesmo por arranhões e mordidas, é mínima ou inexistente 32-34


devido às características de eliminação do agente e de higiene desses animais32


, .


O período de eliminação de oocistos pelas fezes é muito curto, com duração de uma a duas semanas; esses oocistos levam aproximadamente três dias no ambiente em condições adequadas de umidade e temperatura para esporula- rem e, depois disso, se tornarem in- fectantes 34


. Dificilmente os oocistos


permanecerão nos pêlos, já que os gatos estão constantemente se limpando, e du- rante o período de eliminação geralmen- te não ocorre diarreia 32


. É importante lembrar ainda que nem


todo gato entrou em contato com o agen- te, portanto, nem todo gato é portador. No caso dos portadores crônicos, estes difi- cilmente irão eliminar oocistos nova- mente mesmo após uma reinfecção, pois os gatos normalmente eliminam o agente apenas na primoinfecção, tornando-se imunes por toda a vida 35,36


. Nem mesmo


quando se tornam imunodeficientes, como nas infecções por FIV e FeLV, há um risco maior de esses gatos se rein- fectarem e eliminarem oocistos 37


. Os


gatos que habitam apartamentos e se ali- mentam apenas de alimento comercial ou dietas caseiras apresentam menor risco de contato com o agente e, consequente- mente, um potencial de transmissão ainda menor para seus responsáveis31


. Principalmente no caso das gestan-


tes, é necessário desmistificar a crença de que o simples fato de ter contato com gatos durante o período gestacional, sem analisar os fatores de risco envolvidos para os animais e para essas mulheres, seja motivo para que elas tenham que se


Clínica Veterinária, Ano XV, n. 86, maio/junho, 2010


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