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diluída tem concentração de ureia mais baixa e pH alterado, tendo assim ação antibacteriana diminuída 9


. Com relação


à hipótese do desenvolvimento da cistite tendo a albumina como substrato ou a diminuição da resposta do hospedeiro como fator desencadeante, nada foi en- contrado na literatura consultada que explicasse como atuariam esses meca- nismos.


Sinais clínicos Acistite enfisematosa pode ser assin-


tomática nos seres humanos, aparecen- do como achado radiográfico acidental, ou causar disúria, hematúria, febre e se- vera dor abdominal. A pneumatúria é descrita como sinal clínico específico6,17


.


Nos animais com cistite enfisematosa previamente diagnosticados, sinais clí- nicos como dor abdominal, polaquiúria e hematúria, podem estar presentes 3


.


Aapresentação clínica da cistite enfi- sematosa é pouco específica, podendo variar de um quadro leve ao choque séptico. A evolução da cistite enfise- matosa pode se complicar, levando a necrose da parede vesical, propagação da infecção para todo o trato urinário, enfisema subcutâneo, perfuração vesi- cal e choque séptico 18


.


Diagnóstico O diagnóstico da cistite enfisematosa


é difícil, pois os sinais clínicos podem ser brandos, severos ou inespecíficos e são frequentemente obtidos de forma acidental em exames radiográficos. A imagem é essencial para o diagnóstico de pacientes com diabetes, infecção do trato urinário inferior ou dor à palpação abdominal, porque pode detectar a pre- sença de gás na parede vesical. Aradio- grafia convencional e a ultrassonografia são os métodos mais utilizados para avaliar esses pacientes, sendo a tomo- grafia computadorizada e a celiotomia exploratória também eficazes 19-21


.


Em casos de cistite enfisematosa, en- contram-se, em radiografias simples, gás na parede, nos ligamentos e na luz da vesícula urinária. Pode-se realizar exame contrastado, como a cistografia de duplo contraste, que é a injeção por via uretral de contraste negativo e posi- tivo, o que irá evidenciar de forma pre- cisa a parede vesical 14


. Ocasionalmente


o gás pode se desprender da parede da vesícula urinária e ir para o tecido


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adiposo perivesicular 22


. No entanto, a


pequena aglomeração de gás é difícil de detectar por meio de radiografia; nesse caso, o exame ultrassonográfico parece ser a técnica mais sensível para a de- tecção de gás na parede da vesícula uri- nária no estágio inicial da cistite enfise- matosa23


. A ultrassonografia permite a avalia-


ção da anatomia interna sem o uso de contraste, levando em consideração que a bexiga é um órgão de fácil acesso ul- trassonográfico, por suas propriedades acústicas, devido ao conteúdo fluídico e à localização superficial. Assim como no exame radiográfico, a bexiga nor- malmente se apresenta com formato arredondado ou oval, e seu contorno pode variar dependendo do grau de dis- tensão, da posição do paciente, da pressão das estruturas abdominais adja- centes e dos processos patológicos. Lesões neoplásicas, cálculos vesicais, coágulos sanguíneos e alterações infla- matórias podem ser visibilizados e, al- gumas vezes, diferenciados entre si baseando-se em suas características ul- trassonográficas e nos sintomas apre- sentados 13


. No exame ultrassonográfico de cis-


tite enfisematosa (Figura 1), artefatos hiperecóicos multifocais podem ser visibilizados na parede, com marcada reverberação e sombreamento acústico causados pelo gás intramural. Essas sombras são imóveis e atingem todas as margens da parede, devendo ser diferen- ciadas das bolhas de gás intraluminais livres. As bolhas de gás livre são focos hiperecoicos que se movem e oscilam no lúmen, subindo até a área superior do lúmen da bexiga e formando artefato de reverberação ou “cauda de cometa”. En- tretanto, o gás intraluminal livre pode


também estar presente nos casos de cis- tite enfisematosa 24


.


órgãos ocos é característica de destrui- ção e necrose dessas estruturas 25


A deposição de gás na parede de . A cis-


tite necrosante pode também estar pre- sente concomitantemente à cistite enfi- sematosa22


.


Em casos de cistite enfisematosa, o diagnóstico precoce é muito importante, pois o tratamento é difícil e a recorrên- cia é frequente 20


. Na medicina veterinária de pequenos


animais, a modalidade de imagem mais precisa para a avaliação abdominal é a tomografia computadorizada. Entretan- to, por tratar-se de exame mais oneroso para o proprietário, ela é mais indicada nos casos em que os exames radiográfi- co e ultrassonográfico são ineficientes para o diagnóstico 13


. Aceliotomia exploratória é o método


de diagnóstico que pode ser indicado nos casos em que os diagnósticos por imagem são inconclusivos, com a gran- de vantagem de se poder realizar biópsia da mucosa vesical, sendo esse material enviado para cultivo laboratorial. Acul- tura a partir da amostra do tecido vesical tem resultados mais satisfatórios quan- do comparados com os resultados da urocultura 26


.


Tratamento Antes de se iniciar o tratamento, a realização de urocultura e de antibiogra- ma é prioritária. A realização da colora- ção de Gram permite a identificação do patógeno como gram-positivo ou gram- negativo, o que também será muito útil para determinar a terapia inicial 27


. A cistite enfisematosa é considerada


Figura 1 - Imagem ultrassonográfica da vesícu- la urinária de um cão macho sem raça definida, de dois anos de idade. Há hiperecogenicidade da parede vesical (seta grossa) e artefatos de reverberação (seta fina)


infecção do trato urinário complicada, pois está associada a defeitos dos meca- nismos de defesa do animal. Nesses casos, o tratamento com antibioticotera- pia apenas não costuma ser eficiente: os sinais podem persistir durante o trata- mento ou recidivarem logo após a retirada do antibiótico. Então torna-se mais difícil padronizar a recomendação de antibióticos e o tratamento irá depen- der da condição associada (cateteriza- ção por tempo prolongado, obstrução, diabetes, etc.) e do microrganismo iden- tificado 10


. Os agentes Clostridium spp e E.


coli são os mais comumente identifica- dos em casos de cistite enfisematosa.


Clínica Veterinária, Ano XV, n. 86, maio/junho, 2010


Maíra Cremaski


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