nodulares com disposição perivascular, possibilitando a invasão vascular e a subsequente formação de êmbolos, si- milar à granulomatose linfomatoide em seres humanos18,19
. Aforma epiteliotrópica é caracteriza-
da pela infiltração de células linfoides anaplásicas na epiderme, no epitélio de mucosas ou em estruturas anexas. Os linfócitos neoplásicos intraepidérmicos podem estar difusamente distribuídos ou formando pequenos agregados de-no- minados microabscessos ou microagre- gados de Pautrier 20
. O tropismo por es-
truturas anexas pode ser mais proemi- nente do que a infiltração da epiderme. Em seres humanos quatro padrões mor- fológicos foram descritos. A mycosis fungoides é a mais frequente, caracteri- zada pela infiltração de células neoplá- sicas na epiderme, em estruturas anexas e na derme superficial, sendo frequente a obliteração da junção dermoepidérmi- ca 20
. A síndrome de Sézary consiste na
presença de células tumorais na epider- me e em linfocitose neoplásica conco- mitante20
, ou seja, por definição é consi-
derada uma expressão eritrodérmica do linfoma cutâneo de células T, com cir- culação de células neoplásicas no mo- mento do diagnóstico. Clinicamente, é caracterizada por eritema cutâneo esfo- liativo, associado a prurido intenso e a linfonodomegalia periférica 21,22
. Estes
dois padrões morfológicos já foram des- critos no cão20
. Adoença de Paget ou re-
ticulose pagetoide, caracterizada por in- filtração difusa restrita à epiderme e à parede de folículos pilosos e glândulas sudoríparas, e a doença de Woringer- Kolopp, na qual se observa um padrão focal da reticulose pagetoide, foram descritas apenas no homem13,15,18,20,23 Os linfomas cutâneos são constituí-
.
dos predominantemente por células T tanto no cão como no homem; no entan- to, em humanos a frequência de linfoma cutâneo de células B é maior do que em cães 24,25
Material e métodos Foram avaliados 265 prontuários de
cães com diagnóstico citológico ou his- topatológico de linfoma, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (HV-UEL) no pe- ríodo de janeiro de 1990 a agosto de 2008. Estabelecido o diagnóstico, esses cães foram classificados de acordo com a apresentação anatômica da doença, seguindo os critérios propostos pela OMS11,12
. Dos animais com apresentação cutâ-
nea foram obtidos dados de resenha, lo- calização da lesão, número de nódulos, porte do animal e quadro clínico da doença. Para os animais sem raça defi- nida (SRD), o porte foi estabelecido pelo peso corpóreo, sendo considerados de pequeno porte cães com peso 10kg, porte médio > 10 e 20kg, grande porte > 20 e 40kg e cães gigantes com peso > 40kg16
. Para a classificação morfológica
foram utilizados os fragmentos de teci- dos inclusos em parafina, provenientes do Laboratório de Patologia Animal da Universidade Estadual de Londrina. Dos cães com diagnóstico histopatoló- gico, foram separados os blocos de pa- rafina com os fragmentos correspon- dentes, para novo corte e coloração pelo método de hematoxilina e eosina (HE). Os tumores foram classificados em não epiteliotrópico e epiteliotrópico de acor- do com os padrões histológicos já des- critos 20
. . O linfoma multicêntrico de cé-
lulas B pode causar metástase ou infil- tração na pele, e não deve ser confundi- do com o linfoma cutâneo primário, pois esta apresentação também pode de- terminar linfonodomegalia 4
. O objetivo deste trabalho é descrever
os aspectos epidemiológicos, morfoló- gicos e terapêuticos do linfoma cutâneo em cães atendidos em um hospital- escola.
Nos cães com linfoma cutâneo, o protocolo utilizado no tratamento, a res- posta terapêutica e o tempo de sobrevi- da dos animais também foram avalia- dos. Para análise da resposta terapêutica foram definidos os seguintes critérios: i. remissão completa da doença quando não era detectada a presença de nódulos ou qualquer outra alteração clínica do linfoma cutâneo; ii. remissão parcial quando havia redução de até 75% no ta- manho e na quantidade de nódulos do tumor; iii. doença estável quando redu- zido à metade o tamanho das lesões cu- tâneas sem aparecimento de outros nó- dulos; iiii. doença progressiva quando havia no máximo 25% de redução das lesões cutâneas e nítido aparecimento de outros nódulos ou infiltração em ou- tros órgãos 6
.
Para análise da sobrevida, foi consi- derado o número de semanas que o
animal permaneceu vivo após o diagnós- tico de linfoma em relação ao tratamen- to ou até a morte natural. Cães que foram submetidos à eutanásia logo após o diagnóstico não foram considerados para determinação da sobrevida.
Resultados Dos 265 cães com linfoma, 49
(18,5%) apresentavam a forma cutânea da doença (Figura 1). Destes, 71% (35/49) eram fêmeas e 29% (14/49) machos. Adistribuição racial foi hetero- gênea, porém com maior ocorrência em cães de raça definida (Figura 2). Esses animais apresentavam idade variando entre dois e catorze anos, sendo a média de 7,6 anos.
Figura 1 - Ocorrência das apresentações anatômicas de 265 cães com diagnóstico de linfoma, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina, no período de janeiro de 1990 a agosto de 2008, Londrina, PR, 2008
Distribuição das raças
cocker spaniel inglês teckel boxer
rottweiler pinscher poodle
pastor alemão akita
chow-chow collie
lhasa apso weimaraner
Total de
animais (%) 7 (15%)
5 (10%) 5 (10%) 4 (8%) 4 (8%) 4 (8%) 3 (6%) 1 (2%) 1 (2%) 1 (2%) 1 (2%) 1 (2%)
sem raça definida (srd) 12 (25%) total
49 (100%)
Figura 2 - Distribuição da frequência das raças dos cães com linfoma cutâneo, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina, no período de janeiro de 1990 a agosto de 2008, Londrina-PR, 2008
Clínica Veterinária, Ano XV, n. 86, maio/junho, 2010 33
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