O volume de sangue a ser transfundi-
do pode ser estimado a partir das fórmu- las da figura 1. A fórmula 1, para o cál- culo da dose recomendada, prevê que o VG do doador seja de 40%10,11
. Afórmu-
la 2 utiliza a volemia do cão e os valo- res de volume globular 3,12,13
3, o cálculo de volume é feito por meio dos valores de hemoglobina (Hb) 7
. Na fórmula , e a
fórmula 4 é a dose para aumentar em 10% o VG do receptor 14
.
O objetivo deste estudo foi avaliar as alterações do VG pré e pós-transfusio- nal imediato (uma hora) e após 24 horas dos cães que receberam transfusão de sangue total, usando um cálculo prede- terminado 3,12,13
, verificando por meio da
variação de VG, a adequação do volume transfundido.
Material e métodos Foram avaliados resultados dos exa-
mes laboratoriais de 51 cães que recebe- ram transfusão de sangue total, no pe- ríodo de abril de 2006 a julho de 2008, junto ao Hospital Veterinário da Univer- sidade Estadual de Londrina (UEL) - Paraná. Foi verificado o VG anterior à transfusão, e também uma e 24 horas depois dela. Para todas as transfusões realizadas, foi usado o seguinte cálculo de volume a ser transfundido: 90 x peso do receptor x [(VG desejado - VG do re- ceptor) / VG do doador]. O valor do VG desejado variou de 25 a 30%. O sangue foi colhido de doadores de
grande porte, saudáveis, com idade entre dois e oito anos, acima de 28kg, vacinados, vermifugados e testados para Ehrlichia canis por meio de PCR. Para a colheita utilizaram-se bolsas de sangue com 63mL do anticoagulante ci- trato, fosfato, dextrose e adenina (CPDA-1). Todos os doadores possuíam volume globular acima de 40% e o volume colhido foi em média 450mL. Avaliou-se a eficiência do cál-
culo de volume empregado para atingir os valores de VG deseja- dos (25-30%) e a importância de sua mensuração uma e 24 horas após o término da transfusão. Uti- lizou-se o teste Anova de fator único e o nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados e discussão O objetivo da transfusão de
1 - V(mL) = 2.2 x peso do receptor (kg) x (VG desejado - VG do receptor) 2 - V(mL) = 90 x peso do receptor (kg) x [(VG desejado - VG do receptor) / VG do doador] 3 - V(mL) = 70 x peso do receptor (kg) x [(Hb desejada - Hb do receptor) / Hb do doador (g/dL)] 4 - V(mL) = 20mL/kg Figura 1 - Fórmulas para o cálculo do volume de sangue total a ser transfundido
sangue em cães com anemia é aumentar o VG pós-transfusional para valores entre 25 e 30%3,13
para diminuir a hipóxia tecidual, sem interferir no processo regenerativo 11
, que seria suficiente .
Não há relatos de vantagens em se transfundir de volta para os valores de referência de volume globular, o que poderá acarretar sobrecarga e outras reações 13
. O VG pré-transfusional dos 51 cães
obteve média de 10% (DP ± 3%). Em 35 dos 51 cães (68,63%), o VG foi aferido uma hora após a transfusão, sendo a média de 20,06% (DP ± 7,35%). Já a média após 24 horas de todos os animais testados foi de 22,38% (DP ± 6,37%). As duas últimas médias apresentaram diferença significativa (p<0,05), quando comparadas à do pré- transfusional, porém não houve diferen- ça significativa entre elas (Figura 2). O aumento do VG 24 horas após o térmi- no da transfusão de sangue total, com- parado aos valores obtidos imediata- mente após a transfusão, se justifica pe- la redistribuição e acomodação do líqui- do intra e extravascular, visto que o san- gue total contendo plasma é um tipo de fluido coloidal 11
. Apartir disso, acredita-se que não
haja necessidade de mensurar o VG uma hora após o término da transfusão
em pacientes que apresentem melhora nos parâmetros clínicos, uma vez que os dados encontrados 24 horas depois estão ligeiramente mais próximos dos valores esperados. Entretanto, quando se suspeita de alguma reação hemolíti- ca, a avaliação do VG duas horas após o início da transfusão e uma hora após o término pode fornecer dados importan- tes para o clínico15
. Os sinais clínicos de
uma reação hemolítica incluem febre, fraqueza, salivação, vômito, tremor, dis- trição respiratória, taquicardia, hipoten- são e convulsão. Também podem ocor- rer hemoglobinemia e hemoglobinúria minutos após o início da transfusão 16
,
devendo-se, portanto, ficar atento aos sinais. Em um estudo realizado em 41 cães transfundidos com sangue total, conse- guiu-se um aumento médio de 15,2% do VG com a transfusão, utilizando-se a dose de 29mL/kg 17
; já outro estudo 14
alcançou o aumento de 10% do VG com dose de 20mL/kg – ambos próximos ao resultado do presente trabalho, cujo aumento foi de 12,34%. Apesar desse aumento médio de
Figura 2 - Gráfico representando a média e o desvio padrão dos valores de VG obtidos no período pré-transfusional, uma e 24 horas após o término da transfusão
Clínica Veterinária, Ano XV, n. 86, maio/junho, 2010
12,43% do VG, o cálculo do volume usado neste estudo foi apropriado em 37,25% (19/51) dos cães, que alcan- çaram o VG desejado (25-30%). Essa baixa eficiência do cálculo empregado pode ser explicada por este uti- lizar o VG do doador, que não considera o volume de anticoagu- lante presente na bolsa. Entretanto, 29 dos 51 cães (56,86%) atingiram valores de VG acima de 21%, o que já diminui o risco de lesões por hi- póxia tecidual causada pela ane- mia, pois cães com VG abaixo de 21% correm maior risco de ter le- são progressiva no coração, no fígado e nos rins, podendo sofrer arritmias ventriculares, necrose centrolobular hepática e necrose tubular renal 18
. A maioria dos 69
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