A realização de antibioticoterapia por longo período mostrou-se eficaz com enrofloxacina para bactérias gram-ne- gativas como E. coli e amoxicilina ou metronidazol para anaeróbicos como Clostridium perfringens 3,28
. O tratamento da cistite enfisematosa
pode ser dividido em duas fases. A pri- meira tem o intuito de resolver o quadro infeccioso mediante correta hidratação, drenagem urinária, antibioticoterapia e controle dos níveis de glicose. A fase posterior consistirá na eliminação dos fatores predisponentes, como urolitíase, cistite crônica e diabetes mellitus 18
.
Ainfecção do trato urinário inferior complicada, como a cistite enfisemato- sa, deve ser tratada por quatro a seis se- manas. A eficácia da antibioticoterapia pode ser confirmada pela ausência de bactérias na urina após três a cinco dias. Sete a dez dias após o fim do tratamen- to também é indicada nova urocultura para determinar se a infecção foi elimi- nada9,27
.
Os pacientes que não respondem ao tratamento médico ou os que tiverem in- fecção necrosante severa podem reque- rer cistectomia parcial ou debridamento cirúrgico 7
. O prognóstico favorável frequente-
mente é esperado, principalmente em casos em que o tratamento é instituído precocemente. O prognóstico reservado é esperado quando há envolvimento de ureteres e rins, necessitando de inter- venção cirúrgica, ou se há presença de sepse 16
.
Conclusão Acistite enfisematosa é afecção rara, acometendo com maior frequência ani- mais diabéticos com glicosúria. Pode também estar presente em animais não diabéticos, com outros fatores predispo- nentes para a proliferação de bactérias formadoras de gás na vesícula urinária, como urolitíase, cistite crônica, neopla- sia e divertículo urinário. Arealização de exames radiográficos
e ultrassonográficos em animais dia- béticos, com infecção do trato urinário inferior ou dor à palpação é importante para o diagnóstico, porque a cistite enfisematosa não apresenta sinais clíni- cos específicos, quase sempre sendo achado acidental. A escolha do antibiótico deve ser ba-
seada em urocultura e antibiograma, e 52
os fatores predisponentes devem ser so- lucionados para que o tratamento seja eficaz. Quando a cistite enfisematosa é diagnosticada e tratada precocemente, o prognóstico para a doença é favorável. O prognóstico será reservado se a in- fecção ascender para os rins, ou na pre- sença de sepse.
Agradecimentos Agradecemos ao professor dr. Júlio
Carlos Canola da Unesp-Jaboticabal, por gentilmente co-orientar a autora Maíra Cremaski em seu estágio curricular, quan- do da obtenção da imagem da figura 1.
Referências 01-MCCABE, J. B. ; MCGINN, M. W. ; OLSSON, D. ; WRIGHT, V. Emphysematous cystitis: rapid resolution of symptoms with hyperbaric treatment: a case report. Undersea and Hyperbaric Medical Society, v. 31, n. 3, p. 281- 284, 2004.
02-THRALL, D. E. The urinary bladder. Text book of Veterinary Diagnostic Radiology. 4. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2002, p. 585.
03-PELI, A. ; FRUGSNTI, A. ; BETTINI, G. ; ASTE, G. ; BOARI, A. Emphysematous cystitis in two glycosuric dogs. Veterinary Research Communications, v. 27, n. 1, p. 419-423, 2003.
04-FARROW, C. S. Kidney, ureteral, bladder, prostatic, and urethral disease. Veterinary diagnostic imaging. The dog and the cat. St. Louis: Mosby, 2003. p. 681.
05-JAIN, M. ; UPADHYAY, D. Emphysematous cystitis and renal stones in cystic fibrosis. Journal of the American Medical Association, v. 292, n. 16, p. 1953-1954, 2004.
06-HSIN, S. C. ; HSIEH, M. C. ; LIN, H. Y. ; HSIA, P. J. ; SHIN, S. J. Emphysematous cystitis, a rare complication of urinary tract infection in a male diabetic patient: a case report. Kaohsiung Journal Medicine Science, v. 19, n. 3, p.132- 134, 2003.
07-THOMAS, A. A. ; LANE, B. R. ; THOMAS, A. Z. ; REMER, E. M. ; CAMPBELL, S. C. ; SHOSKES, D. A. Emphysematous cystitis: a review of 135 cases. BJU International, v. 100, p. 17-20, 2007.
08-LANG, J. ; HOWARD, J. Infectious endocarditis caused by gas-producing E. coli in a diabetic dog. Journal of Small Animal Practice, v. 49, p. 44-46, 2007.
09-NELSON, R. W. ; COUTO, C. G. Infecções do trato urinário. Medicina interna de pequenos animais. 2. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. p. 500-505.
10-HEILBERG, I. P. ; SCHOR, N. Abordagem diagnóstica e terapêutica na infecção do trato urinário. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 49, n. 1, p. 109-116, 2003.
11-AIZENBERG, I. ; AROCH, I. Emphysematous cystitis due to E. coli associated with prolonged chemotherapy in a non-diabetic dog. Journal of Veterinary Medicine, v. 50, n. 8, p. 396-398, 2003.
12-BURK, R. L. ; ARCKERMAN, N. The abdomen. Small animal radiology and ultrassonography. 2. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 1996, p. 363.
13-GALLATTI, L. B. ; IWASAKI, M. Estudo
comparativo entre as técnicas de ultrassonografia e cistografia positiva para detecção de alterações vesicais em cães. Brazilian Journal of Veterinary and Animal Science, v. 41, n. 1, p. 40-46, 2004.
14-HUDSON, J. A. Sistema urinário. In: HUDSON, J. A. ; BRAWNER, W. R. ; HOLLAND, M. ; BLAIK, M. A. Radiologia abdominal prática in pequeños animales. 1. ed. Barcelona: Multimédica, 2002. p.116.
15-BOBBA, R. K. ; ARSURA, E. L. ; SARNA, P. S. ; SAWH, A. K. Emphysematous cystitis: an unusual disease of the genito-urinary system suspected on imaging. Annals of Clinical Microbiology and Antimicrobials, v. 3, p. 20, 2004.
16-CHONG, S. J. ; LIM, K. B. ; TAN, Y. M. ; CHOW, P. K. H. ; YIP, S. K. H. Case report: atypical presentation of emphysematous cystitis. American Journal Emergency Medical, v. 16, n. 1, p. 664-666, 2005.
17-NEMATI, E. ; BASRA, R. ; FERNANDES, J. ; LEVY, B. J. Enphysematous cystitis. Nephrology Dialysis Transplantation, v. 20, n. 3, p. 652-653, 2005.
18-PÉREZ, V. J. B. ; HERNANDEZ, J. A. G. ; NADAL, P. V. ; TORRALBA, J. A. N. ; PASTOR, S. ; COVES, R. ; BARBA, E. M. ; ALBACETE, M. P. Perforación vesical intraperitoneal em el transcurso de uma cistitis enfisematosa. Actas Urológicas Españolas, v. 24, n. 6, p. 501-503, 2000.
19-LECLERCQ, P. ; HANSSEN, M. ; BORGOENS, P. ; BRUYÈRE, P. J. ; LANCELLOTTI, P. Emphysematous cystitis. Canadian Medical Association, v. 178, n. 7, p. 836-839, 2008.
20-LLORENS, P. ; FOMINAYA, A. C. ; LÓPEZ, F. ; RODRIGUEZ-QUIRÓS, J. ; SAN ROMÁN, F. Image diagnosis of the emphysematous cystitis in the dog. 2005. Disponível em: <http:/
www.ivis.org>. Acesso em: 28 ago. 2008.
21-PERLEMOINE, C. ; NEAU, D. ; RAGNAUD, J. M. ; GIN, H. ; SAHNOUN, A. ; PARIENTE, J. L. ; RIGALLEAU, V. Emphysematous cystitis. Diabetes & Metabolism, v. 30, n. 4, p. 377-379, 2004.
22-OWENS, J. M. The genitourinary system. In: ___. Radiographic interpretation for the small animal clinician. 1. ed., Saint Louis: International Copyright Union, 1982. p.185.
23-PETITE, A. ; BUSONI, V. ; HEINEN, M. P. ; BILLEN, F. ; SNAPS, F. Radiographic and ultrasonographic findings of enphysematous cystitis in four nondiabetic female dogs. Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 47, n. 1, p. 90-93, 2005.
24-KEALY, J. K. ; MCALLISTER, H. O abdome. Radiologia e ultrassonografia do cão e do gato. 3. ed. São Paulo: Manole, 2005. p. 113.
25-KIEFER, I. ; MULLER, F. ; HIMMELSBACH, P. ; OECHTERING, G. ; ALEF, M. Sonographic detection of gas as aid in making a diagnosis. Tierarztliche Praxis Ausgabe, v. 36, n. 3, p. 177- 184, 2008.
26-KIRBY, M, B. Exploratory laparotomy and biopsy techniques. WSAVA, 2008. Dubin, Ireland. Disponível em: <http:/
www.ivis.org>. Acesso em: 19 nov. 2008.
27-DOWLING, P. M. Antimicrobial therapy of urinary tract infections. Canadian Veterinary Journal, v. 37, n. 7, p. 438-441, 1996.
28-SPILLMANN, T. Canine biliary tract diseases, how to reveal and treat them. 2007. Disponível em: <http:/
www.ivis.org>. Acesso em: 16 ago. 2008.
Clínica Veterinária, Ano XV, n. 86, maio/junho, 2010
Page 1 |
Page 2 |
Page 3 |
Page 4 |
Page 5 |
Page 6 |
Page 7 |
Page 8 |
Page 9 |
Page 10 |
Page 11 |
Page 12 |
Page 13 |
Page 14 |
Page 15 |
Page 16 |
Page 17 |
Page 18 |
Page 19 |
Page 20 |
Page 21 |
Page 22 |
Page 23 |
Page 24 |
Page 25 |
Page 26 |
Page 27 |
Page 28 |
Page 29 |
Page 30 |
Page 31 |
Page 32 |
Page 33 |
Page 34 |
Page 35 |
Page 36 |
Page 37 |
Page 38 |
Page 39 |
Page 40 |
Page 41 |
Page 42 |
Page 43 |
Page 44 |
Page 45 |
Page 46 |
Page 47 |
Page 48 |
Page 49 |
Page 50 |
Page 51 |
Page 52 |
Page 53 |
Page 54 |
Page 55 |
Page 56 |
Page 57 |
Page 58 |
Page 59 |
Page 60 |
Page 61 |
Page 62 |
Page 63 |
Page 64 |
Page 65 |
Page 66 |
Page 67 |
Page 68 |
Page 69 |
Page 70 |
Page 71 |
Page 72 |
Page 73 |
Page 74 |
Page 75 |
Page 76 |
Page 77 |
Page 78 |
Page 79 |
Page 80 |
Page 81 |
Page 82 |
Page 83 |
Page 84 |
Page 85 |
Page 86 |
Page 87 |
Page 88 |
Page 89 |
Page 90 |
Page 91 |
Page 92 |
Page 93 |
Page 94 |
Page 95 |
Page 96 |
Page 97 |
Page 98 |
Page 99 |
Page 100 |
Page 101 |
Page 102 |
Page 103 |
Page 104 |
Page 105 |
Page 106 |
Page 107 |
Page 108 |
Page 109 |
Page 110 |
Page 111 |
Page 112 |
Page 113 |
Page 114 |
Page 115 |
Page 116 |
Page 117 |
Page 118 |
Page 119 |
Page 120 |
Page 121 |
Page 122 |
Page 123 |
Page 124