e ambiental e vacinação sistemática dos adultos e dos filhotes, ocorreu a morte súbita de vários filhotes de uma mesma ninhada, ao redor da sexta semana de idade. A ninhada era oriunda de mãe imunizada. Em 12 a 24 horas ocorreram prostração e morte. Aqueles que sobre- viveram por um período maior de tem- po, como o animal deste caso, apresen- taram icterícia e, posteriormente, ocor- reu o óbito. Os filhotes haviam sido an- teriormente medicados com anti-hel- mínticos de amplo espectro e haviam re- cebido tratamento específico contra Giardia canis. Os exames coproparasi- tológicos e hematológicos não apresen- taram nenhuma indicação de se tratar de infecção parasitária ou bacteriana. No hemograma, foi observada apenas dis- creta leucocitose neutrofílica e linfope- nia. O exame anátomo e histopatológico revelou comprometimento hepático (Figura 1) e pulmonar, com infiltrado inflamatório predominantemente mono- nuclear, sugerindo a etiologia viral do processo mórbido. A reação em cadeia da polimerase (PCR) para a amplifi- cação do material genético de CAV-1 foi positiva, resultando na demonstra- ção de uma banda de 221pb no gel de ágar após eletroforese do material am- plificado. Obteve-se também o isola- mento do vírus em cultivo celular a par- tir do material fecal desse animal.
Caso n. 2 Espécie: canina Raça: sem raça definida Sexo: macho Idade: quatro meses Histórico: O animal havia sido encon- trado na rua e vacinado com vacina multicomponente. Alguns dias após a vacinação, houve sangramento no local da aplicação da vacina. Na apresentação para a consulta, havia o histórico do uso de corticoide e as manifestações clínicas relatadas foram inapetência, prostração, diarreia, hematoquezia e tosse. No exa- me clínico observaram-se mau estado geral, secreção nasal discreta e dispneia inspiratória, linfonodos submaxilares e pré-escapulares palpáveis e discreta- mente aumentados. Aopacificação bila- teral da córnea, que conferia um aspecto azulado ao olho, era evidente (Figura 2). Aimagem radiográfica do pulmão reve- lou um padrão alveolar difuso de ambos os campos pulmonares, indicando a
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Figura 1 - Fígado de aspecto degenerado e co- loração amarelada do cão pastor alemão de quarenta dias de idade (caso n. 1)
Figura 3 - Banda de 221pb amplificada a partir do sangue periférico do cão n. 2 e revelada após eletroforese em gel de ágar
Figura 2 - Cão n. 2 aparentando mau estado geral e edema de córnea conferindo o aspecto de “olho azul”
existência de pneumonia. Além da in- fecção por CAV-1, o cão também se en- contrava infectado pelo vírus da cino- mose e pelo adenovírus 2 (CAV-2), como foi demonstrado por PCR (Figura 3), justificando o quadro respiratório apre- sentado.
Caso n. 3 Espécie: canina Raça: labrador Sexo: fêmea Idade: oito anos Histórico: A cadela foi encaminhada ao Hospital Veterinário da FMVZ-USP por apresentar prostração, icterícia e ascite. Já decorriam mais de dois anos desde a última imunização. Ela apresentava bom estado geral, apesar da discreta icterícia. O exame ultrassonográfico abdominal revelou a presença de micro- hepatia, contornos irregulares e ecotex- tura grosseira do órgão, indicando pos- sível fibrose hepática. Discreta anemia (hemácias = 4,1 x 106/µL) sem sinais de regeneração e plaquetopenia (plaquetas = 21.000/µL) foram as alterações hema-
tológicas observadas, não havendo alte- rações em relação aos elementos da li- nhagem branca sanguínea. Na figura 4 apresenta-se o perfil bioquímico do cão. O aumento da atividade sérica das enzi- mas (que indicam lesão direta do he- patócito) e de indução hepática (ALT, AST e FA, respectivamente), assim como as concentrações séricas de bilir- rubina, direta e indireta, revelaram a exis- tência de um processo inflamatório. As alterações do proteinograma (Figura 5), associadas à considerável redução do volume hepático, indicaram uma pro- vável fibrose hepática. A reação de so- roaglutinação microscópica para pes- quisa de anticorpos antileptospiras a negativa, e a PCR para CAV-1, positiva.
foi
Caso n. 4 Espécie: canina Raça: sem raça definida Sexo: fêmea Idade: dez anos Histórico: Sem antecedentes mórbidos. Sem histórico de imunização. Cinco me- ses antes, havia sido exposta a água es- tagnada durante o período chuvoso do ano. Após o incidente, o cão havia apre- sentado febre, distúrbio gastrentérico e pneumonia, com melhora espontânea. Alguns meses após observou-se a tona- lidade amarelada da pele e das mucosas. As alterações clínicas mais evidentes con- sistiram em icterícia e discreta diminui- ção da ecotextura hepática, revelada pelo exame ultrassonográfico. Os valo- res bioquímicos indicaram processo hepático inflamatório, com aumento da
a) Laboratório de Zoonoses Bacterianas - Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, FMVZ-USP, São Paulo, SP
Clínica Veterinária, Ano XV, n. 86, maio/junho, 2010
Mitika Kuribayashi Hagiwara
Cláudia de Paula Ferreira Costa
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