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dois anos, mostrou que a incidência de hérnia inguinal foi de 1,3%, e a de criptorquidia, de 2,6%6. Em outro estu- do, onze de 30 cães com hérnia inguinal eram machos, dos quais seis apresen- tavam hérnia bilateral e destes, quatro com idade inferior a quatro meses7


.


Os cães mais acometidos de hérnia inguinoescrotal são: pequineses, cairn terriers, bassets hound e West Highland white terriers 2


. Várias teorias foram propostas para


explicar a etiologia das hérnias inguinais: os fatores hormonais, os metabólicos e os anatômicos, principalmente nas fê- meas. O aumento da pressão abdominal durante a gestação, a obesidade e as alte- rações da resistência do colágeno e da musculatura estriada por interferência hormonal são fatores citados por vários autores como responsáveis ou predis- ponentes à ocorrência de hérnia inguinal nas fêmeas 1-3,8


. Entretanto, pouco se sa-


be sobre os que predispõem à ocorrên- cia da enfermidade nos machos jovens. Em estudo retrospectivo de publica-


ções citando a ocorrência de hérnias in- guinais em cães machos, notou-se uma forte relação entre a ocorrência de hér- nia inguinal em cães machos adultos, associada à hérnia perineal. A literatura menciona a provável participação da re- laxina no mecanismo de flacidez mus- cular. A relaxina é um hormônio encon- trado em grandes concentrações em cis- tos prostáticos 3


. Os sinais clínicos apresentados por


cães portadores de hérnia escrotal de- pendem do tecido encarcerado. Os ani- mais muitas vezes não apresentam ne- nhuma outra alteração além de aumento de volume escrotal. O lado mais fre- quentemente acometido é o esquerdo1,2,7 O tratamento de eleição é o cirúrgico,


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e deve ser feito com urgência. As indi- cações são: remoção do testículo ectópi- co, se presente, e orquiectomia nos ca- sos de hérnia escrotal 2


. O acesso cirúrgico pode ser praticado


sobre a região escrotal, sendo o conteú- do reduzido para o interior da cavidade e o saco herniário mantido fechado, quan- do possível. A presença de alças encar- ceradas e com necrose implica enterec- tomia e enteroanastomose, e piora o prognóstico 2,7


herniário como sendo de gordura e omento na maioria dos casos atendidos7 Durante o tratamento cirúrgico, devem


. Reportou-se o conteúdo .


ser observadas as estruturas anatômicas que passam pelo anel inguinal, como ar- téria e veia genitofemorais, vasos puden- dos externos e o cordão espermático 2,7


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Em casos em que o diâmetro do anel in- guinal seja muito grande, o que torna o re- paro difícil, sugere-se o reforço ou reparo da lesão com telas de polipropileno ou re- talhos do músculo sartório 2,9


. O uso de


tela, entretanto, obriga à orquiectomia, uma vez que o contato da tela com o fu- nículo espermático pode produzir reação inflamatória e degeneração testicular em cães 10


. Entretanto, em estudo utilizando


tela de polipropileno no reparo de hérnia inguinal em 73 homens submetidos à cor- reção de hérnia escrotal, não foram obser- vadas alterações significativas no fluxo espermático durante o acompanhamento pós-operatório de seis meses11


. O objetivo do presente trabalho é re-


latar um caso de hérnia inguinoescrotal em cão macho, sem histórico de trauma- tismo prévio.


Relato de caso Um cão da raça basset hound, de três


anos de idade, macho, não castrado, foi atendido no Hospital Veterinário da Uni- versidade Estadual de Londrina, com his- tórico de aumento de volume escrotal in- termitente havia quinze dias, sem asso- ciação com traumatismos ou tratamentos prévios (Figura 1). Ao exame clínico, observou-se bom


estado geral, parâmetros vitais dentro do limite da normalidade e aumento de volume da bolsa escrotal, com conteúdo de consistência mole. À manipulação, foi possível a redução do conteúdo atra- vés do canal inguinal esquerdo. O diagnóstico de hérnia escrotal unila-


teral foi confirmado pela possibilidade de redução do conteúdo, pela palpação do anel herniário e pelo histórico clínico. Após o diagnóstico, a correção cirúr-


gica foi considerada urgente, devido ao risco de encarceramento. Para o trata- mento cirúrgico, o cão foi posicionado em decúbito dorsal e as áreas inguinal e abdominal caudal preparadas para cirur- gia asséptica. Aincisão de pele foi reali- zada sobre o anel inguinal esquerdo, vi- sualizando-se o saco herniário, que tam- bém foi incisado (Figura 2). O conteúdo herniário encontrado era constituído de epíploo e encontrava-se dentro da túnica do funículo espermáti- co (Figura 3).


Figura 3 - Conteúdo herniário composto apenas de epíploo, dentro da túnica do funículo esper- mático (seta)


Figura 2 - Saco herniário protraído e direciona- do caudalmente em direção à bolsa escrotal. Notar o limite cranial do anel inguinal externo (seta verde) e o saco herniário (seta azul)


Figura 1 - Aumento de volume na região inguinal esquerda, projetando-se para bolsa escrotal


Figura 4 - Bordos dos músculos do anel ingui- nal interno, secionados para ampliar o anel e reduzir o conteúdo herniário (setas)


O epíploo foi reduzido após pequena ampliação do anel inguinal em sentido cranial com tesoura (Figura 4). As estruturas vasculares foram isola- das e o anel inguinal foi suturado com


Clínica Veterinária, Ano XIV, n. 83, novembro/dezembro, 2009 39


José Fernando Ibañez


José Fernando Ibañez


José Fernando Ibañez


José Fernando Ibañez


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