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TEMA DE CAPA
P
ortugal continua a ser um país de emigran-
tes. Somos mais de 5,5 milhões espalhados
pelos quatro cantos do mundo, um fenóme-
no que está longe de se resumir às décadas
de 60 e 70. E na Europa, por exemplo, os portugue-
ses são aqueles que mais saem para conseguir traba-
lho em outros Estados-membros (cerca de 9% da po-
pulação activa).
Um fluxo que continua permanente e rentável mo-
netariamente pois entram em Portugal, por dia e em
média, cerca de 6,5 milhões de euros de remessas de
emigrantes. O fluxo tem, porém uma nova variante:
o número de jovens profissionais qualificados que
não encontram saídas em Portugal à altura do seu
canudo tem vindo a crescer proporcionalmente ao
agravamento da crise.
A investigadora Helena Rato pegou em números da
Organização da Cooperação para o Desenvolvimen-
to Económico (OCDE) para concluir que por cada 15
novos imigrantes que chegam a Portugal, há 100 por-
tugueses que deixam o país para encontrar uma vida
melhor. “Estes são os dados oficiais da OCDE sobre
os fluxos migratórios, mas não reflectem a realidade
de ambos os lados. Portugal continua a ter muitos
imigrantes ilegais mas também são muitos os portu-
gueses que saem para o espaço comunitário sem que
existam registos”, realça a investigadora do Instituto
Nacional de Administração.
Helena Rato sublinha ainda o novo perfil dos imi-
Raquel Lages trabalhou em Macau e agora está em Paris. José Albuquerque rumou para o Dubai
grantes: “Ainda que a maioria continue a perten-
cer ao grupo de trabalhadores de baixa instrução e
pouco qualificados, que vai principalmente para a
construção civil, restauração ou agricultura, existe
também um número crescente de profissionais
qualificados, alguns altamente qualificados, que
acabam por partir”.
Foi o que aconteceu a Raquel Lages, 27 anos, (foto
de capa), licenciada em Relações Internacionais pe-
De Portugal
la Universidade de Coimbra, com um Erasmus reali-
zado na prestigiada ULB em Bruxelas e um currícu-
lo irrepreensível. Passou pela UNRIC - United Na-
tions Regional Information Centre (esteve envolvi- para o mundo
da, por exemplo, na organização da viagem do então
secretário-geral da ONU, Kofi Annan a Portugal),
voltou para Lisboa para se candidatar a uma bolsa
(concorreu ao Inov Jovem, Inov Contacto e Leonar-
A crise económica está a minar as oportunidades de carreira para
do da Vinci e entrou em todas, mas escolheu o Inov
Contacto), foi para Macau para a representação da muitos jovens profissionais que estão, por isso, a reformular os seus
AICEP onde fazia a intermediação entre os empresá-
rios portugueses e a China.
sonhos e a procurá-los além-fronteiras TEXTO DE MARISA ANTUNES
“Depois resolvi voltar. Queria muito fixar-me em
Portugal mas estive quase um ano à procura de traba-
lho. Neste momento, a maioria das propostas que
surgem para pessoas jovens mas qualificadas vão nhecimento. “E quando se vai para países que não O que é nacional é bom
pouco além do ordenado mínimo”, sublinha a jovem. são ocidentais, aconselho também a toda a gente, a Ponderados os prós e os contras, José Pinto partiu
Por isso, meteu mãos à obra e começou a fazer pes- esvaziar da cabeça todo o tipo de preconceitos que para Macau, não sem antes sondar o mercado, tendo
quisa de anúncios em Madrid e Paris, enviando ainda têm. É importante não julgar e ir aberto a novas ex- tirado 15 dias de férias para sentir o ambiente antes
candidaturas espontâneas para empresas e institui- periências. Assim, aprende-se mais”, resume. da sua ida definitiva.
ções nas quais gostaria de trabalhar. “Acabei por ser Uma opinião corroborada a 100% por José Albuquer- Depois de trabalhar numa empresa ligada a in-
recrutada para a ARAPL, uma associação de ajuda que Pinto, um engenheiro civil de 28 anos, com licen- fra-estruturas e edifícios em Macau, o engenheiro
aos profissionais liberais a vários níveis (orientação ciatura do Instituto Superior Técnico (IST), que tam- também tentou o regresso a Portugal mas tal como
fiscal, assessoria jurídica, formação) e que está espa- bém passou por Macau e que agora está no Dubai. Raquel, ficou por pouco tempo. Não vislumbrando
lhada por toda a França. Para já, preenche o meu Logo após terminar o curso, José Pinto trabalhou oportunidades profissionais que o preenchessem, re-
objectivo principal: enriquecer o meu currículo e três anos em Portugal e, apesar de admitir que essa correu à networking e foi, de facto, através da sua
aprender coisas novas”, justifica ainda. experiência lhe conferiu “bases sólidas” que o ajuda- rede de contactos, que conseguiu o lugar de project
ram mais tarde, confessa que isso não lhe bastava: manager na empresa francesa Sogreah, no Dubai.
“Sinto que neste momento, em Portugal, é difícil pa- A seu cargo tem a equipa técnica de engenharia da
‘‘Esvaziar de preconceitos’’ ra um jovem profissional abraçar grandes desafios empresa, que neste momento, entre a sua carteira de
Para Raquel Lages, uma das regras de ouro quando devido ao marasmo em que se encontra o país. Isso obras, tem a marina do Emirates Palace, em Abu
se parte numa aventura profissional além-fronteiras acaba por se tornar frustrante para quem está a co- Dhabi, que permitirá acostar os iates de maior dimen-
é precisamente essa predisposição para absorver co- meçar, com tanta energia”. são do Dubai.
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