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Nota20 - julho 2015


(vir a) estar envolvidos, criar as condições humanas, materiais e organizacionais indispensáveis para evitar o indesejável (re)surgimento de novas situações de agres- são, minimizar as consequências de esses atos junto dos alunos vitimados ou idealmente modificar atitudes de jovens e de adultos em relação a tais condutas ofen- sivas. Os níveis de prevenção-intervenção passam pela imple- mentação de medidas globais ao nível da escola, ao nível da turma e, sempre que necessário, ao nível do aluno (seja como vítima, agressor ou testemunha). Essa abordagem deve igualmente ter em conta: a especifici- dade de alguns subtipos de (cyber)bullying, a especifici- dade dos públicos (idade, género, turmas, cursos…), a atuação ao nível da prevenção precoce (começando logo na educação pré-escolar), a adoção de estratégias diversificadas e complementares, a qualidade da imple- mentação (considerando a sua coerência, rigor e fide- dignidade), o tempo de aplicação (envolvendo, por con- seguinte, regularidade, persistência e paciência na apli- cação das medidas) e a não criação de expetativas de- masiadamente ambiciosas e determinadas (mas sim, modestas e realistas).


Na sua intervenção, a Dr.ª Sónia Seixas começou por relevar a necessária clarificação concep- tual dos termos bullying e cyber- bullying (subcategorias do com- portamento agressivo), apontan- do as três componentes indis- pensáveis para que estejamos perante estes fenómenos: a in- tencionalidade do ato do(s) agressor(es), a desigualdade de poder dos sujeitos envolvidos e sobretudo a recorrência continu- ada da conduta.


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recreios, refeitórios, no caminho de casa para a escola ou vice-versa...). Trata-se efetivamente de uma nova forma de manifestar comportamentos de bullying, utili- zando as tecnologias digitais (seja com recurso à Inter- net ou a um telemóvel...).


Estas ações podem, por exemplo, passar por: fazer cir- cular mentiras, ameaças, humilhações ou fotos embara- çosas; criar páginas de perfil falsas nas redes sociais; utilizar blogs para difamar; roubar os nicknames e as passwords e, em seguida, enviar mensagens de provo- cação e ou humilhação aos amigos, namorados ou mes- mo aceder a dados e materiais particulares dos seus colegas; ou até divulgar imagens intencionalmente cap- tadas com o intuito de causar dano, embaraço ou humi- lhação (caso do fenómeno denominado de Happy Slap- ping).


Particularizando, deu como exemplos de formas diretas de cyberbullying as mensagens inflamadas (flaming, que se traduz no envio de mensagens acaloradas, rudes, iradas, vulgares), o assédio (harassment, envolvendo o envio repetido de mensagens ofensivas) ou a persegui- ção (cyberstalking, isto é, o envio repetido de ameaças ou de mensagens altamente intimidatórias). As formas indirectas incluem a difamação (denigration, que consis- te em postar declarações falsas), a personificação (impersonation, ou seja, fazer-se passar por outra pes- soa com o intuito de a colocar em risco ou de a fazer ficar mal), a exposição ou o engano (outing or trickery, postar material de outra pessoa, que contenha informa- ção sensível, privada ou intima; utilizar truques para ob- ter informação embaraçosa com o intuito de a divulgar) e a exclusão (exclusion, onde o agressor elimina intenci- onalmente uma pessoa de um grupo online).


Sónia Marruaz Seixas


Referiu ainda os tipos de comportamentos de bullying, dividindo-os em dois grupos: diretos (que implicam um envolvimento face-a-face, onde os envolvidos se encon- tram diretamente com os implicados no incidente) e indi- rectos (não envolve uma confrontação direta, usualmen- te relacional com o intuito de danificar relações, ou atra- vés das novas tecnologias -


cyberbullying).


À semelhança do que sucedera na intervenção de José Ilídio Sá, em que este apontou algumas das consequên- cias nefastas para as instituições escolares, a Dr.ª Sónia Seixas elencou as repercussões do (cyber)bullying para a vítima (fenómeno que causa grande sofrimento e uma série de transtornos biopsicossociais às vítimas, poden- do os seus efeitos durar anos ou mesmo uma vida intei- ra) e para o agressor (asseverando que a pessoa mais magoada pelo bullying é o próprio agressor, apesar de não ser óbvio à primeira vista, os seus efeitos negativos amplificam-se ao longo do tempo).


As singularidades do cyberbullying


Centrando, de seguida, a sua intervenção na especifici- dade do cyberbullying, referiu-se a este como reprodu- zindo nova forma de bullying, tratando-se de um tipo de agressão invisível (uma vez que não é observável nos


Sinais de Alerta


A Dr.ª Sónia Seixas sublinhou que podem ser diferentes os sinais de alerta exteriorizados pelos sujeitos vítimas de cyberbullying. Assim, pais e educadores devem estar particularmente atentos às seguintes atitudes dos respe- tivos educandos: passar muito tempo no computador e/ ou evitar ter o écran/janelas abertas na presença de adultos/pais; apresentar dificuldades de sono (em ador- mecer, pesadelos,...); sentir-se mal, deprimido ou chorar sem motivo aparente; alterações de humor; tornar-se anti-social; diminuir o aproveitamento escolar.


Dicas para os alunos


Finalmente, focou a sua intervenção na Segurança Digi- taI, listando alguns cuidados preventivos a considerar. Começou por apresentar dicas para o público mais no- vo, crianças/jovens, focando, a este respeito, a consci- encialização, educação para os media e boas práticas preventivas. Estas passam prioritariamente por não par- tilhar ou fornecer senhas ou informação pessoal (pin, número de telefone, passwords, morada, nomes de fa- miliares...), pela partilha de essas agressões com um adulto de confiança, por não ler mensagens de agressores digitais, pelo bloqueio de mensagens instantâneas e salas de chat que se tornem inconvenientes ou agressivas, pela não abertura de mensagens de desconhecidos ou por não responder à pessoa que o agride ou persegue (não dê essa satisfação ao agressor).


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