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Nota20 - julho 2015 Espinho, a Rainha das Praias Instantâneos A´s gentis banhistas


Salvé, praia das Rainhas! Salvé, salvé «monde chic» onde ha amor …e sardinhas, onde não ha quem não «mique»!... onde tudo é goso, estima, onde inocentes , brincando, se o primo salta co´a prima… também o pae ´stá saltando; onde convive a burgueza nos salões de bons estuques, ou dando o braço á duquesa, ou indo … «ao lado dos duques»; onde não ha quem se oprima por não ter conhecimentos: Quem vae agora «ás de cima»… «salta ás de baixo» em momentos! E todos se cumprimentam um «par tendeiro» ou «condessa», e mil conversas sustentam, «sem que ninguem se conheça»! Finalmente um «cerco» vivo com um belo pratinho eis do meu canto o motivo! Salvé! Praia de Espinho.


Amo Espinho quando o vejo ser tina de mil donzelas; qu´ria ser o caranguejo p´ra me ferrar ás canelas, «loira»…que se mergulha, No lago as virgens plumes, qor banhar casta borbulha que chego a ter ciumes! Amo-a, sim, amo os perfumes, qa marzia e do marisco; de um delirio até em risco vejo-«as» do banho voltando hum certo ceiro exhalando, a burriéo? Que petisco! Amo as conchinhas das praias mais que do campo as papoulas: Ali amor despe as saias, anda a paixão em ceroulas; não falam galas fictícias, falso estofo ou vil «Tournure»


não se figuram as delicias, que o banho não desfigure. Amo as donzelas, sorrindo, com ar triste ao namorado, no seu olhar traduzindo: -Perdoa haver-te enganado! Aqui me tens, iludi-te não sou banquete nenhum! Qu´rias jantar de apetite… Eu sou «jantar de jejum»! Mas qual do ceu novo sol o perdão voltar emfim, porque amor largo o lençol p´ra se tornar …um saguim, que duma pedra ás alturas vai de costas dar um tombo para encobrir as costuras Que tem cerzidas no lombo!


Meu Espinho porque não amo as tentações do demónio; amo os banhos a quem eu chamo «Banhos contra o matrimonio». Pois quem ha que na mentira queira abysmar-se iludido, amando a Paula ou Elvira a quem só viu o vestido, sem saber se dentro tinha gentil corpinho e liró, ou somente fraca linha tendo a cabeça …por nó… Quem ha, quem a não estime quando a vaga nos sorri e no seu murmurio exprime: «Fugi maridos! fugi»! Outras vezes triste e serio bramir de negros aspetos: «Eu não sou um cemitério»! «Levem-me estes esqueletos»! Quem é, quem é que não gosa junto ás barracas de lona, vendo entrar dama formosa p´ra sair …furia pingona, fazendo beiça e careta ao seu «Bem» que de lençol toma as posições de athleta, pondo as pernitas ao sol, com certas nodoas no pelo, que o delicado «sabão» porque ele diz ser «cabelo»… Inda não disse que não! Que é que, quem é que nas rochas não gosa, vendo uns carecas fugir, deixando as galochas, de três gordas alforrecas, dando um ai sobre uma ostra que lhe deu golpes num pé, «Ai-que as belas põe…«amostra»


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todas fora da maré, porque a avosinha lhes grita com força que um surdo acorde: -«Foge, Amelia! foge Rita»! «Fujam do peixe que morde»! Oh! que epísodios eu vejo sempre nos banhos das praias: -Ai, titi…um caranguejo» «a marinhar-me nas saias» - «Já te mordeu! Quem lhe acode» berra a tia de rabicho.«Veja o primo se a sacode» «que eu tenho um nojo do bicho»! -«Agarou, primo? agarrou» «Ei-lo aqui»! volta o priminho, que por um tric se enganou no marinhar do bichinho! E sempre e sempre acho graça neste vai-vem «casto» e vario: Ali um que fala em caça diz que o seu cão … é banario mais alem damas casquilhas as donas Brites ou Brancas exibindo de três filhas o aramado das ancas. -Que habilidosa esta é minha querida Benevides!


Já lhe mostrei S. José que ela bordou a pevides? E sabe geografia mais que o primo…um alarve que inda ha pouco não sabia que o rio Sena é no Algarve.


E sobre isto quantas mais não se gosam maravilhas à confiança dos paes a liberdade das filhas mas que belo pratinho! Ao calar versos tão rudes nós diremos: Espinho salvé, sitio…das Virtudes!....■


Anastácio José da Silva


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