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TALENTO INATO DO “PRODUTO NACIONAL”
N
ão obstante o parco número de equipas que este ano militam no pelotão português, reflexo da pro- funda crise económica que afecta o
país e à qual o ciclismo não é imune, o certo é que os homens do pedal continuam a ser sinónimo de combatividade, com o nome do vencedor final de cada prova do nosso ca- lendário a ser uma constante incógnita. Uma galhardia ímpar, que se tem começado a tra- duzir também em importantes vitórias além- fronteiras. Com a crise económica e a escassez de
provas inseridas no calendário velocipédico nacional a serem, infelizmente, realidades impossíveis de ignorar, este cenário obriga a que todas as equipas e seus respectivos cor- redores sejam obrigados a “fazer pela vida”, não só em Portugal, mas também nas provas levadas a cabo em território internacional. Na primeira quinzena do mês de Março a
festa do ciclismo fez a sua aparição por terras do Algarve, com a realização da 4ª edição da Volta a Albufeira. Perante o caloroso apoio das gentes algarvias, Celestino Pinho ofere- ceria a primeira grande vitória do ano à equi- pa CC Loulé/Louletano/Orbitur/Aquashow. Quem não parece sentir o passar dos anos
é Cândido Barbosa (Palmeiras Resort/Prio/Ta- vira). Vencedor da Taça de Portugal de Elites na temporada de 2009, o mediático corredor voltou a ser alvo dos focos da imprensa, ao iniciar da melhor maneira a defesa do título, após vencer a Clássica da Primavera, primei- ra prova pontuável para aquela competição e que teve como palco a Póvoa de Varzim. Ainda por terras do norte, decorreu no início de Abril a Volta ao Concelho da Maia. Neste novo pretexto para que os amantes da moda- lidade concentrassem as suas atenções, seria Hugo Sabido (LA/Rota dos Móveis) a subir ao mais alto lugar do pódio, para gáudio dos adeptos desta equipa. Nas contas da geral, Sabido celebraria o triunfo, com três segundos de avanço sobre Sérgio Sousa (Madeinox/Boavista) e José Mendes (LA/Rota dos Móveis), respecti- vamente segundo e terceiro classificados na prova maiata. Já a meio do mês surgiria a primeira sur-
presa do ano, com o jovem Francisco Costa (Aluvia Valongo) a triunfar na Volta a Alber- garia, segunda prova da Taça de Portugal. Este corredor, ainda a militar no escalão de
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Sub-23, bateu sob a linha de meta Francisco Costa e Márcio Barbosa (LA/Paredes/Rota dos Móveis), atletas que no derradeiro quiló- metro conseguiram escapar ao (quase sem- pre) “imperdoável” pelotão. Finalmente, viveram-se momentos de emo-
ções fortes no transacto dia 25 de Abril, data da realização do Memorial Bruno Neves, ter- ceira prova pontuável para a Taça de Portu- gal e que serviu uma vez mais de mote para homenagear aquele malogrado ciclista. Sur- preendendo toda a concorrência, o veterano David Bernabéu (Barbot/Siper) acrescentou mais um triunfo ao seu recheado palmarés, relegando para as restantes posições cimei- ras Edgar Pinto (LA/Paredes Rota dos Mó- veis) e Sérgio Ribeiro (Barbot/Siper), respec- tivamente segundo e terceiro classificados.
O BRILHO LUSO LÁ POR FORA
Como já diz o nosso povo “há males que
vêm por bem” e essa velha máxima aplica-se na perfeição ao actual panorama do ciclismo lusitano. O reduzido número de provas que actualmente comporta o calendário portu- guês tem obrigado a que as diversas equi- pas nacionais tenham feito bem sucedidas incursões pelo estrangeiro. Em plano de particular destaque tem es-
Foto: Media Desporto
tado a equipa CC Loulé/Louletano/Orbitur/ Aquashow. A 44ª edição da Subida da Na- ranco (Espanha), significou mais um momen- to de ouro para o ciclismo português, com Santi Pérez a subir ao mais alto lugar do pó- dio daquela prestigiada prova espanhola, oferecendo deste modo à formação algarvia um triunfo de indubitável valor. Este corredor espanhol faria ainda o 2.º lugar numa das etapas da Volta às Astúrias, uma corrida que seria vencida pelo seu companheiro de equipa Cons-
tantino Zaballa. Mas não só o Loulé brilharia por terras asturianas. Também o Palmeiras Resort/Tavira esteve em clarividência, ao conquistar o prémio de melhor equipa em prova. Ainda no que concerne às formações na-
cionais, destaque para a Barbot/Siper que venceu a Clássica da Primavera, através de David Bernabéu, e triunfou em uma das tira- das da Volta a Castela e Leão, mediante o irreverente “sprinter” Sérgio Ribeiro. Na clas- sificação final desta competição, Bernabéu finalizaria em 5.º. Por sua vez, a viver o seu ano de estreia no
pelotão internacional, ao serviço da toda-po- derosa RadioSchack, o jovem Tiago Macha- do está a “dar cartas” entre a elite do ciclismo mundial. Cotado no início de Maio com a 56ª posição do “ranking” UCI, o ex-atleta da Ma- deinox/Boavista tem inscrito o seu nome entre os dez primeiros de algumas das mais presti- giadas competições do calendário velocipé- dico internacional. O 2.º lugar final no Circuito de La Sarthe (com a vitória no contra-relógio individual), associado ao sétimo posto con- quistado na reputada Volta a Castela e Leão e ao igual lugar na Volta à Romandia dão uma nota positiva neste arranque da temporada, auspiciando-se ainda novos “voos” ao longo da restante época. Finalmente, destaque para a Selecção de
Sub-23, que na 34ª edição do Giro della Re- gioni, em Itália, conseguiu o 5.º posto final por Nelson Oliveira, depois de Domingos Gonçal- ves ter feito a terceira posição na etapa inau- gural desta competição. Em suma, Portugal está a viver um momen-
to em que, apesar da crise que se faz sentir, continua a produzir enormes talentos, não só para o “mercado nacional”, como também para os mais prestigiados palcos além-fron- teiras.
Texto: Fernando Lebre e Magda Ribeiro (Jornalistas do
www.desporto24.pt)
Foto: Desporto24
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