Atletismo
passou e contínuo, passo por mais alguns, mas quando chego ao pontão no final da praia, como eu vou esperando pela Cármen, já estamos todos juntos. Alguém da organi- zação está no início do pontão e indica-nos o caminho, mais 2 km pelas dunas e surge a surpresa, que no breaffing a organização prometera, um canal para atravessar de ca- noa e ainda havia outro. Neste canal há duas canoas mas só passa um de cada vez, no ou- tro só havia uma canoa, embarcámos os dois, um remo para cada um e fomos remando até a outra margem, desembarcamos e 300 me- tros depois era a meta, cortámos juntos com 14h 58m 42s. Foi uma etapa duríssima, prin- cipalmente a segunda metade do curso e só com um abastecimento em 50 km, mas con- seguimos chegar dentro do limite horário (15 horas), embora a organização não excluísse ninguém que terminasse depois da hora. O hotel era perto, depressa chegámos
para o banho merecido, e rápido para o res- taurante antes das 9.30 h para uma refeição quente. Os três juntos á mesa, lamentamos a dureza da prova, a Mónica muito triste e decepcionada pela desistência, pois foram muitos dias de treino e sacrifício e não era tão cedo que se mete de outra. A Cármen parece a mais firme, cansada pois claro mas senhora do seu objectivo. Eu estou muito de- sanimado, tenho muitas dores nos gémeos e só de me lembrar na próxima etapa perdia o apetite, vou comendo calmamente, chega o Jorge e junta-se a nós, os outros portugueses já devem estar a dormir, a Célia e a Teresa continuavam ainda em prova, só chegaram perto da meia noite. A Cármen foi para o bre- affing, a Mónica para o massagista, fiquei cal- mamente com Jorge falando sobre a prova e sobre os meus planos para algumas provas que iriam ficar para outra altura ou talvez nun- ca se iriam concretizar. 3ª e última etapa Roses – Portbou 55 km.
O despertador tocou ás 4 horas, esta noite dormi melhor, acordei calmo, desfiz a barba, vesti-me fui para o pequeno almoço e encon- trei-me com as colegas. No átrio do hotel antes da partida Pedro
Marques e o Carlos Couto estão bastante animados, pois estão na luta pelo 2º e 3º lu- gares o que é muito bom para a nossa comiti- va, assim como a Cármen para a 2ª feminina. Felizmente a partida é mesmo em frente ao hotel. A etapa começou e logo os da frente se distanciaram, o pelotão continua calmamente mas dispersos, no meu caso estava bem sem dores das pernas, bastante mais solto que no anterior, talvez seja das sapatilhas mais le- ves, a Cármen não consegue acompanhar, vou olhando para trás para não me distanciar muito. Depois de uns km decidi, com muita pena, segui em frente, ela ainda estava um pouco presa e seria mais penoso para mim. Vou com muito bom ritmo vou sempre acom- panhando o mais rápido e por volta dos 9 km mais outro chegamos perto de um grupo de 4 atletas entre os quais a 1ª feminina, em prova
AS DECLARAÇÕES DA CÁRMEN
A Cármen manifestou que desta vez foi um desafio bem grande e difícil mas também se
assim não fosse, não se tornava tão vitorioso termina-lo. Sobre os meus colegas Mónica Sousa e Cirilo Santos, porque andei sempre com eles e
também sei o que sentem e pensam quando entram numa aventura destas, e basicamente a ideia deles é idêntica á minha em que o objectivo principal é terminar, falo por mim e por o Cirilo. E NAO precisamos que neste momento ninguém nos dê valor e nos diga o quanta força
e coragem temos, pois neste momento nós sabemos bem disso, pois passarmos por tudo aquilo e no final da terceira etapa ainda acabar a sorrir é mesmo para atletas resistentes e bem preparados. Não posso deixar de falar da minha companheira de sempre a Mónica, que tem tantas
horas de treino feitas quanto eu e com o mesmo ou ainda mais empenho, a Mónica foi for- çada a desistir e quando digo forçada, essa é mesmo a palavra certa, pois ela foi apanhada de surpresa por câmbrias a nível das duas pernas, que a impediram de continuar, pois só algo assim que nos ultrapassa é que levaria esta atleta a desistir de uma ultra maratona, só ela sabe o quanto lhe custou estar cheia de força e não poder continuar, eu não tive as dores dela, mas sofri também como que ela, pois sei bem o quanto custa preparar-nos com tanta dedicação para esta aventura e depois não conseguir terminar. Fica aqui desde já os meus parabéns para a Mónica, que tem uma força psicológica
muito grande e consegue ultrapassar isto e ainda nos dar forças a nós e que neste passado uma semana do sucedido já se encontra bem e de volta aos treinos. Falando agora em treinos é importante dizer que na minha opinião e que se alguém quiser
tentar uma aventura deste género, tenho para vos dizer que também conseguem faze-lo mas façam-no com cabeça, para nos metermos numa destas e sairmos de lá com um sor- riso e sem lesões não basta só ser atleta temos de ter muitas horas de treino conhecer bem o nosso corpo e organismo, pois isto é uma prova que mexe com tudo devido ao elevado numero de horas em que estamos em esforço. Esta foi mais uma aventura, foram mais 3 dias que contam para o nosso currículo de
ultramaratonistas, agradeço todos os apoios que tivemos e claro agora depois de tudo já ter passado o melhor a fazer é começarmos a pensar onde será a próxima.
foi a primeira vez que a vi, ouvindo falar que é uma grande atleta, pensei em segui-la até onde puder. O ritmo é ao meu jeito, e ao che- gar a Cadaquès 1º abastecimento e 23km já só vamos 4. Cadaquès tem uma grande baía com a particularidade de ter a “Rute Dalí” é uma pequena rota pedestre que permite ob- servar algumas obras de Salvador Dali sobre Cadaquès assim como os os mesmos pontos que inspiraram o artista. Ao sair de Cadaquès começasse a subir
para a serra, e num sobe e desce constante ficámos reduzidos a 3, eu e o casal espanhol, Olga Gasset a vencedora feminina e o seu companheiro Juan Martín. Entretanto passei pelo Jorge, tinha parado na altura, perguntei se estava tudo bem e recebi um sinal afirma- tivo.
Port de la Selva 2º abastecimento e
35,6km e a parti daqui é mais uns quilómetros por praias, enseadas e muitos caminhos pe- destres junto ao mar, muito bonito. Já ganhei alguma confiança do casal e vamos ajudan- do mutuamente na procura das fitas avisado- ras quando são mais escassas. Colera 3º abastecimento e 48,5km. Dizem
que é só subir este monte e que depois é sempre a descer para a meta, esperemos que sim. Depois de uma penosa subida que toda a gente ficava arranhada nas pernas, começámos a descer sempre até a meta. En- trámos em Portbou na recta da meta e cortá-
25 Maio 2010
mos de mãos dadas com a vencedora femi- nina a Olga Gasset no meio com 7h12m14s. Dei os parabéns pela vitória e agradeci aos dois pela companhia. A Cármen teve os seus altos e baixos,
mas quando uma atleta espanhola, surgindo do nada, chegou junto a ela, foi como se o despertador tocasse, e recuperou muito bem na última parte da etapa quando o 2º lugar já estava em risco, felizmente que assim foi, os meus parabéns, e também ao Pedro Mar- ques (este com um sprint fabuloso e vitorioso na última etapa por um segundo) pelos bri- lhantes 2º lugares. A organização esteve razoavelmente bem,
mas há dois pontos a ver melhor; pelo menos mais um abastecimento na segunda metade da 2ª etapa e a falta de controlo em Cala de Montgó aos 76km e último abastecimento, seria fácil contornar a situação. Resta dizer que esta prova teve 4000 de
desnível positivo. A todos os portugueses presentes, mes-
mos aos mais desafortunados, os nossos parabéns e boa recuperação. Aproveitamos para agradecer também ao
clube que representamos, às empresas “O Praticante”, Husete e CMN, o apoio presta- do para que pudessemos concretizar este sonho.
Texto: Cirilo Santos Fotografia: Mónica Sousa
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