Ciclismo Uma vitória de Mestre
Foi verdadeiramente de “mestre” o triunfo alcançado por Ricardo Mestre (Tavira/Prio) na 73.ª edição da Volta a Portugal em bicicleta.
D
epois de nos últimos anos ter sido o espanhol David Blanco a oferecer a vitória à mais antiga formação do pelotão mun- dial na principal competição do calendário velocipédico por- tuguês, desta feita foi Mestre o protagonista da festa rija a que se assistiu na cidade de Tavira. Nasceu em Castro Marim quando o calendário indicava o dia 11 de Setembro de 1983 e aos 27 anos Ricardo Mestre (Tavira/Prio) tornou-se no segundo ciclista algarvio a inscrever o seu nome na ga- leria de vencedores da Volta a Portugal, depois de o seu conterrâneo José Martins, já malogrado, ter alcançado um êxito semelhante nos longínquos anos de 1946 e 1947. No pódio final, Mestre contou com a companhia do seu colega de equipa André Cardoso (que desse modo festejou a conquista da vice-liderança) e do veterano Rui Sousa (Barbot/Efpapel) que, ao conquistar o terceiro lugar, foi o único homem a conseguir, de algum modo, condicionar a hegemonia denotada pela formação Tavira/Prio ao longo de todo o evento. Nas restantes classificações, Fabrício Ferrari (Caja Rural) foi acla- mado como rei dos trepadores, enquanto que Bravo Garikoitz se afirmou como grande vencedor da disputa da juventude. Por seu turno, a camisola dos pontos ficou no dorso de Sérgio Ribeiro (Bar- bot/Efapel), ao passo que a vitória na classificação colectiva sorriu, com naturalidade, à Tavira/Prio.
Deste modo, o ano de 2011 voltou a ser de júbilo para a equipa
Tavira/Prio - mais decana formação do pelotão mundial -, que pelo quarto ano consecutivo viu um dos seus atletas subir ao mais alto lugar do pódio (David Blanco em 2008, 2009 e 2010 e Ricardo Mes- tre em 2011). Perante estes números, não foi por isso de estranhar a enorme festa que esperava o conjunto algarvio na chegada à sua cidade natal. Para festejar lado a lado com os seus heróis, o povo saiu, literalmente, à rua!
O PRENÚNCIO E A GLÓRIA
Mas nem só da Volta a Portugal se escreveu os dois últimos me- ses competitivos. Entre portas, Julho ficou marcado pela realização do Grande Prémio Abimota e do Grande Prémio Joaquim Agostinho, provas que serviram de antecâmara para a corrida rainha nacional. Edgar Pinto (LA/Antarte) conquistaria o triunfo final no Abimota, dei- xando nas posições imediatas o vencedor da etapa inaugural em li- nha, César Fonte (Barbot /Efapel), e António Amorim (Barbot/Efapel). Nota ainda para realçar a eximia prestação das formações Sub-23, que estiveram em alta no prólogo colectivo de Sangalhos (a vitória
pertenceria à Liberty Seguros/Sta. Maria Feira, com João Correia a vestir a primeira amarela), alcançando ainda uma tirada (por intermé- dio de António Carvalho, da Mortágua/Basi). Já a competição que homenageia o melhor corredor português de todos os tempos - e que tantas vezes “levanta o pano” sobre os ciclistas que se encontram em melhor momento de forma - revelou- -se um autêntico presságio do que se passaria em Agosto. Ricardo Mestre (Tavira/Prio) selaria o triunfo nesta corrida, depois de ostentar a camisola da liderança do primeiro ao último dia de prova. Pelo meio, realce para os triunfos de Enrique Salgueiro (Louletano/Loulé); do vencedor da Taça de Portugal Sérgio Ribeiro; e de Raul Alarcon (estes últimos em representação do Barbot/Efapel). Não obstante estes resultados dignos de realce, o ponto mais alto deste período, para o ciclismo português, ocorreu fora de portas, mais propriamente por terras gaulesas. Rui Costa (Movistar Team) elevou bem alto o nome do nosso país, ao arrebatar a 8.ª etapa da Volta à França, chegando isolado à estância de desportos de Inver- no de Super-Besse Sancy. Costa juntou-se assim ao restrito lote de corredores lusos que já lograram atingir semelhante feito (apenas Joaquim Agostinho, Acácio da Silva, Paulo Ferreira e Sérgio Paulinho o haviam feito a solo). Ainda sobre esta imponente competição, é de destacar o triunfo final de Cadel Evans (BMC), que, deste modo, se tornou no primeiro australiano a ser “coroado” em Paris. Texto: Fernando Lebre e Magda Ribeiro Fotos: PAD/João Lagos Sports
“À Volta da Volta” já está à venda J
á se encontra à venda o livro “À Volta da Volta”, obra da autoria dos jornalistas Fernando Lebre e Magda Ribeiro, habituais cola- boradores da revista “O Praticante”.
Num tom vivo, coloquial e muitas vezes pautado por um laivo de
humor, este livro aborda cronologicamente algumas das “estórias” mais caricatas que compuseram cada uma das edições da Volta a Portugal em bicicleta e que na sua maioria permaneciam, até agora, desconhecidas da generalidade dos amantes da modalidade. Os grandes campeões que escreveram a história do ciclismo nacional, como Alves Barbosa, Joaquim Agostinho, ou Marco Chagas, ente
outros, são alvo de ampla referência nesta obra, mas também outros ciclistas que o passar dos anos remeteu ao anonimato têm aqui honras de desta- que.
O livro “ À Volta da Volta” faz uso da chancela editorial da Prime Books e conta com prefácio do vencedor da Volta a Portugal 2000, Vítor Gamito. O seu preço cifra-se nos 13,90 euros, podendo ser adquirido nos locais de venda habituais ou através do site
www.primebooks.pt.
55 Setembro 2011
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