Nota20 - maio 2017 A Noite da I guan a
No dia 17 de fevereiro, no âmbito das ativida- des extracurriculares da turma do Ensino Recorrente Noturno do Agrupamento de Esco- las Dr. Manuel Gomes de Almeida, os alunos foram assistir à peça de teatro A Noite da Iguana, no Teatro Naci-
onal São João, do Porto com a interpretação de Tennes- see Williams e encenação de Jorge Silva Melo No palco tudo se passa num alpendre, no cimo de uma colina, com uma vista entre o céu e o mar. E isso torna ainda mais sufocante a angústia da peça escrita em 1961, mas passada nos anos 40, por altura da queda de Paris e dos bombardeamentos de Londres, na II Guerra Mundial. Não faltam sequer uns alemães histéricos, de toalha de praia e calções de banho. “Os nazis são os únicos que estão felizes ali – um pouco como no nosso mundo agora: uns que acham que vão ganhar tudo, en- quanto outros andam cheios de dúvidas sobre o que é a vida; uns estão todos contentes e outros carregados de angústias e em crises nervosas”, afirma Jorge Silva Me- lo.
Ve rane t anes
No dia 16 de março, os alunos do Ensino Recorrente Noturno foram assistir à peça de teatro, Veraneantes, no teatro Nacional S. João, no Porto. A peça de teatro Veraneantes foi escrita por Maksim Gorki, o homem que escreveu as linhas programáticas do partido comunista russo, no início do século XX e traduz o verão da classe emergente na Rússia, a bur- guesia, nas datchas, as casas de veraneio.
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Maksim Gorki escreveu a peça na antecâmara da san- grenta revolta de 1905, que abriria caminho à Revolu- ção Bolchevique de 1917. O país estava a mudar e as elites russas eram incapazes de ver o seu futuro, refugi- ando-se num sentimentalismo azedo.
Estamos “na porta de entrada da América Latina, nas traseiras dos Estados Unidos”, imersos num calor de 37 graus à sombra. O tempo é regado a cerveja e rum coco numa “pensão barata, fora de época”, dirigida pela re- cém-viúva Maxine, devidamente decotada e ladeada por dois jovens mexicanos que se esticam ao sol, como la- gartos. Ali chegará o reverendo Shanon (o ator Nuno Lopes), afastado da Igreja, alcoólico, guia turístico de grupos de senhoras por países tropicais, acusado de se envolver com raparigas menores e numa constante ba- talha contra si próprio, mantendo a ilusão do regresso às homilias. E também Hannah, uma pintora de aguarelas e artista de caricaturas rápidas, que viaja com o avô, mori- bundo, de hotel em hotel, sem dinheiro. E uma iguana presa que se vai soltar naquela noite. É a redenção. Esta ida ao teatro foi muito enriquecedora, patente no entusiasmo e interesse evidenciado pelos alunos e pro- fessores acompanhantes. Foi, sem dúvida, uma vivência positiva e a repetir.■
A Equipa do Nota20
Nuno Cardoso, que encenou este espetáculo, fala no momento russo desta peça, com uma crítica mordaz à burguesia emergente que sucede à aristocracia. É uma peça de teatro sem história, com muitas personagens que se encontram à beira-rio, conversando sobre tudo e sobre nada, criando dramas e depois voltando para ca- sa para dormir, sucessivamente, seguindo os dias. À nossa volta só se vê o detestável rebuliço da ociosida- de. Estamos em 1904, no verão do descontentamento de quinze personagens espertas e ociosas, monstros infelizes mas bem vestidos, tagarelas compulsivos, cria- turas tragicamente incapazes de viver. Levam uma vida que é uma espécie de mercado, onde se enganam uns aos outros, dando o mínimo, recebendo o máximo. No mundo confuso, corrompido e claustrofóbico de Verane- antes, todos colocam uma pergunta com a atualidade de séculos: Como hei-de eu viver? O outono chega e todos seguem calmamente com a sua vidinha…■
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