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Nota20 - maio 2017


sendo considerados co- mo parceiros sejam, re- petidamente, confronta- dos com "factos consu- mados" de que os seus filhos são vítimas sem que, contudo, sejam cha- mados a pensar a educa- ção, a colaborar em re- formas ou a contribuir para que se encontrem medidas educativas e permaneçam sem esmo- recerem e sem se rende-


1. É verdade que, em muitos momentos, eu afirmo que os professores são pessoas "esquisitas". É claro que considerá-los dessa forma não pretende desconsiderá- los. Muito pelo contrário. Será, simplesmente, uma for- ma um bocadinho provocatória de enaltecer a dedi- cação de inúmeros professores em relação ao ensi- no, à escola e aos seus alunos. Por outras palavras, será um modo de chamar a atenção para a forma como os professores parecem tornear, dum jeito quase infati- gável, todos os obstáculos porque gostam - simples- mente; e inacreditavelmente - de ser professores. Vão as dificuldades desde as regalias salariais às condições de trabalho. Desde as limitações de recursos à escas- sez de materiais. Desde a climatização inexistente à irracionalidade de inúmeros processos de gestão do ensino e da escola. Desde a estruturação de programas e dos métodos de avaliação à burocratização e à tecno- cracia educativas que atropelam, a torto e a direito, a alma, a paixão e a singularidade educativas que colo- cam ao serviço dos seus alunos. Desde o tempo de tra- balho semanal à deslocalização sucessiva a que estão submetidos. Desde a desconsideração social de que são alvo à exposição, desamparada, às exigências es- drúxulas de muitos pais e às necessidades educativas de todas as crianças, diante das quais ficam num ina- creditável e quase interminável desamparo. E desde a inacreditável discrepância entre a formação inicial e a absoluta ausência de planos de formação e de atualiza- ção que os capacitem ao nível dos conhecimentos, dos métodos pedagógicos, das novas tecnologias, da ges- tão de grupos e das relações e dos temas "sensíveis" que o mundo lhes traz, todos os dias, para dentro das aulas. Que outra profissão passa pelas provações a que os professores estão expostos e reage com a generosi- dade que os professores colocam na sua mis- são? Que outra profissão paga a sua formação, prejudi- cando a sua vida familiar, e a coloca ao serviço de quem usufrui dela sem a pagar nem a facilitar? Que ou- tra profissão faz da sua paixão o argumento com o qual parece sobreviver a quase tudo? É verdade que em inú- meras profissões as limitações e as injustiças não dei- xam, também, de ser inequívocas. Mas haverá muitas outras profissões onde o desnível entre a exigência dos desempenhos e a negligência dos cuidados atinja tama- nha dimensão? Acredito que não! E é por isso que, com admiração e respeito, não me canso de reafir- mar que os professores são "esquisitos". 2. Há, no entanto, um grupo de outos agentes do uni- verso educativo que consegue ser, ainda, mais "esquisito" que os professores. Estou a referir-me às associações de pais. Haverá outros grupos que,


rem? Haverá outros grupos que, por mais que sejam considerados indispensáveis para o bom funcionamento da comunidade educativa, tenham de lutar para vencer as resistências ou a animosidade das direções de muitas escolas, como se fossem muitas as circunstâncias em que não lhes é reconhecido o direito a participar na res- petiva gestão, como deviam? Haverá outros grupos que sejam, na escola, mais "multifuncões", participando na angariação de recursos para a escola (sem nunca recla- marem por essa "dupla tributação"), participando na re- solução de conflitos, participando na criação e na dinami- zação de iniciativas, e participando na mediação entre a escola, a família, e a sociedade? Haverá outros grupos onde o bom senso pareça transcender-se, quase todos os dias, e em que a generosidade, o voluntariado e a militância pareçam nunca se deter, seja quais forem os obstáculos ou as barreiras com que se deparam? Haverá outros grupos que, depois do trabalho, fazem longos qui- lómetros para participar - em horário pós-laboral e extra- familiar - ora em iniciativas formativas, ora em reuniões do movimento associativo, ora para divulgarem, para formarem ou para contribuírem? Haverá outros grupos do universo escolar onde a democracia e a efetiva parti- cipação de todos se dá, uns anos após os outros, de for- ma mais exemplar? Haverá outros grupos do universo escolar que, apesar de todas as desconsiderações de que são alvo, continuem, todos os dias, com mais perse- verança, com mais elegância, sem populismos nem de- magogia, com boa educação e de forma determinada e insubmissa a lutar e a acreditar pela transformação da educação? Acredito que não! 3. Tem vindo a escola a aproveitar o universo de "pessoas esquisitas" que a compõem e que, como pou- cos, a poderiam reinventar? E não serão elas "esquisitas" porque - quando comparadas com as "nomenclaturas" técnicas e políticas que, por vezes, "inundam" ministérios, secretarias de estado, direções regionais de educação e direções de escola - são, em quase tudo, mais generosas e mais desprendidas? E, finalmente, por que motivo tem vindo "A educação", em abstrato, a relacionar-se de forma, aparentemente, so- branceira e, inequivocamente, centralista perante este universo de "esquisitos", como se quaisquer mudanças consistentes não se fizessem com eles mas à parte de- les ou - seguramente, contra a vontade de todos - às vezes, em aparência, "contra" eles? Porque talvez não seja, ainda, tão aberta ao contraditório, tão atenta, tão "escutadora" e tão democrática, com devia. Imaginemos, então, que tem sido, realmente, assim que a educação tem vindo, desde há muito tempo, a ser gerida... Talvez seja, então, altura de fazer dos "esquisitos" o futuro.■


Eduardo Sá, Leya Educação


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