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Nota20 - abril 2018


É comum falar-se, nos dias de hoje, na palavra “escolaridade”. Na escola ou fora dela, utiliza-se o termo, seja no sentido burocrático, seja no sentido pedagógico, seja mesmo no sentido cultural, como se fosse possível substituir ou confundir escolaridade com cultura. Mas não é! Porque uma coisa é falar em níveis de escolarida- de que, diga-se, no caso português, até são elevados, outra coisa é falar em níveis de cultura que, lamentavel- mente, já serão bastante inferiores aos primeiros. A ver- dade é que, embora pareça um dado adquirido e ineren- te a todos, a escolaridade é uma preocupação recente, quer na forma, quer, sobretudo, na substância. Durante séculos, falava-se em instruir ou em educar, mas era assunto para a realeza que tinha de preparar os seus príncipes. Nem à aristocracia isto preocupava, já que o berço resolvia tudo à nascença. É por isso, importante lembrar que foi a classe média, que, desde que começou a emergir como tal, se preocu- pou em educar os seus filhos e essa foi a sua principal marca. Ainda assim, passaram-se gerações e gerações em que mesmo os filhos ou filhas de gente de bem, aprenderam a ler e a escrever em casa, enquanto a es- magadora maioria das pessoas vivia toda a sua vida à margem dos livros. Muitos são os professores, atual- mente ao serviço no ensino português, que ainda se re- cordam dessa realidade, em que, por exemplo, alguns rapazes só iam fazer o exame da 4ª classe quando pre- cisavam de tirar a carta de condução. Já para não falar das raparigas que só o faziam quando adultas.


A abordagem deste tema implica uma longa viagem no tempo que não será, aqui, oportuno fazer, pelo que use- mos como baliza o século XX e, mais concretamente as expetativas que se criaram com a “revolução dos cra- vos”. Foi, de facto, a grande oportunidade para a escola pública se afirmar como o grande pilar da nova demo- cracia. Muito se fez e desfez, muito se construiu e des- construiu, sempre à procura de melhores soluções, por- que a História é assim mesmo. As revoluções são sem- pre processuais e não se desenvolvem de forma linear ou contínua, antes porém, são feitas de avanços e de recuos. Mas hoje, que tanto se questiona o Ensino e a Escola, a Educação e os Currículos e em que tanta gente sábia dá opiniões, parece ser um momento de grande confusão de termos e de conteúdos. Primeiro, porque ao que se ouve, parece ser possível estudar sem ler ou sem livros, aprender sem professores nas salas de aula, crescer e desenvolver-se sem ouvir a palavra não e, o pior de tu- do, fazer da responsabilidade um pecado e do facilitismo (palavra dos tempos modernos), um mandamento. Tudo isto ao longo de doze anos de escolaridade! Vá lá a gente entender-se neste marasmo! E ainda há mais! Deve a escola limitar-se a instruir? Não. Isso é coisa do passado e é pacífico. Deve educar? Sim, mas com reservas. Quando deve ou quando e como pode fazê-lo? É que a sociedade parece ter transferido para a escola essa missão, mas ao mesmo tempo, parece im- pedi-la de o fazer. É tempo de repensar a escola. Ninguém inventa nada, mas pode e deve aperfeiçoar. Encontrámos referências fantásticas sobre a educação em Rosseau ou John Locke, ou outros, sobre as quais podemos refletir seria- mente, no sentido de dignificar a escola. Estamos todos de acordo que decorar regras gramati- cais ou papaguear dinastias não faz de ninguém culto. Que ninguém aprende à base da palmatória também é verdade. Mas que se deve, de forma veemente, respon- sabilizar os alunos em questões de trabalho, disciplina, rigor e respeito é dever básico da escola, se queremos cumprir cabalmente o seu principal objetivo: formar cida- dãos capazes de se autossustentarem e de se posicio- narem criticamente perante a vida. E isso sim, significa que adquiriram cultura. Concluindo, a primeira regra é aprender! E a escola não deve ter receio de ensinar, porque mais ninguém o pode fazer desta maneira. É preciso corrigir, urgentemente, este erro do atual sistema de ensino. A educação é o que permanece, ainda que se esqueça, temporariamen- te, o que se aprendeu.■


A Equipa do Nota20


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