Opinião
Pedro Mantorras, jogador sublime que, dito que sou importante para ajudar o
fruto de uma ainda inexplicável lesão, meu Povo. Que cada golo meu, não
tem arrastado a sua classe em parcos faz apenas feliz seis milhões de benfi-
10 minutos de jogo, quando joga (ao quistas, mais alguns espalhados pelo
longo dos últimos anos). mundo, mas uma nação inteira, que é a
Nessa curta conversa perguntei-lhe nossa Angola”.
qual o segredo de ser um jogador que Quando vi o jogo em que Angola foi
g51g68g88g79g82g3g101g71g86g82g81g3g38g88g81g75g68 quase não joga, que não tem ritmo, que eliminada, salvo erro nos oitavos de fi-
g90g90g90g17g83g68g88g79g82g72g71g86g82g81g70g17g69g79g82g74g86g83g82g87g17g70g82g80 tudo o indicaria, não tem sequer con- nal, pela selecção de Gana, olhei (como
fiança e motivação necessárias a um todos os benfiquistas) para a imagem
ponta de lança e que, no entanto se do banco da selecção Angolana e vi lá
transforma no jogador mais bem-amado um triste Mantorras e pensei. – aquele
N
asci em Angola. de toda a massa associativa, transmitin- homem transporta consigo a mística
Fugi de Angola, junto com do, qual corrente eléctrica, uma alegria de um Povo. Cinco minutos em campo
milhares de pessoas. contagiante a todo o estádio, no instan- e ele muda a história da competição.
Tenho acompanhado o per- te imediato em que se levanta do banco Manuel José, então selecionador de
curso do meu País, sendo certo que não para aquecer. Angola não o entendeu assim e não o
renegando nunca as minhas origens, A sua resposta foi tão desconcertan- colocou em campo. Em má hora o fez.
sempre me senti Português. Quase que te, quanto os golos que marca: “Acre- Angola perdeu…
arrisco a dizer – apenas Português.
Cresci aqui. Fui educado aqui. Fui aco-
lhido por este Povo de tal forma que,
quando Portugal jogou contra Angola
no último Mundial, eu torci por Portugal
contra o meu País de origem.
De repente há uma grande organi-
zação internacional em Angola e, eu, à
semelhança de muitas outras pessoas,
vi-me a desejar o sucesso da minha pá-
tria, quer desportivo, quer em termos de
organização.
O atentado inicial contra a selecção
de Gana, não augurava nada de bom,
no entanto, a organização conseguiu
superar com inexcedível êxito a emprei-
tada a que se propôs.
Quam acompanhou o Can 2010 deve
ter-se apercebido das potencialidades
do futebol. Deve ter percebido que um
povo fustigado por anos de guerra, pela
morte de entes queridos, pela fome,
pela miséria, pela corrupção, pela espe-
rança continuamente negada, a vibrar.
Um País, um Povo, uma Nação que
de repente esqueceu as suas diferen-
ças étnicas, culturais, de lingua, até de
religião, conseguiu unir-se através de
um denominador comum – o futebol.
Se necessário for um dia alguém ten-
tar explicar o que é o futebol, qual a sua
força e o papel que desempenha na so-
ciedade moderna, bastaria dar o exem-
plo do que se passou em Angola.
O que mais aproximaria assim aquele
povo? Um concerto de rock? Um festival
de cinema? A exibição de uma ópera ou
peça de teatro sublime e universalmente
aplaudida? Não. Apenas e só o futebol.
Durante a campanha tive oportunida-
de de trocar umas breves palavras com
um ídolo benfiquista e ídolo maior da na-
ção Angolana. Refiro-me obviamente ao
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