O.R. – Como é que recebeu a proposta para representar Portugal nos Campeonatos do Mundo WTOC 2012?
Ricardo Pinto – Não sei, sinceramente não sei. Acho que foram todos muito honestos comigo. A Diana Coelho era ainda uma hipótese e eu nunca me senti uma segunda escolha, talvez porque nunca tivesse acreditado que alguém pudesse ser escolhido que não a Diana. Só quando fomos a Lisboa, à prova do CPOC, é que interiorizei que, afinal, seria mesmo eu a representar Portugal. Aí as coisas mudaram um pouco de figura, mas não o suficiente para me tirar o sono. A modalidade era ainda uma ilustre desconhecida para mim, não era falada, nem mesmo entre os restantes orientistas e não fazia a menor ideia do envolvimento em torno dum evento com a dimensão dum Campeonato do Mundo. Por isso foi às cegas que abracei o desafio.
O.R. – Um Mundial de que forma se prepara?
Ricardo Pinto – No meu caso, estudando muito toda a teoria, sobretudo as diretrizes da Federação Internacional de Orientação. O facto de ter sido operado à mão na véspera da prova do CPOC, fez com que estivesse de baixa uns dias seguidos. Em casa, em frente ao computador, foi estudar, estudar, estudar. As traduções das diretrizes para espanhol, feitas pelo meu amigo Roberto Munilla, revelaram-se muito importantes. Mas também as pesquisas em sites e blogues de outras Federações e de clubes, com exemplos de mapas, de situações concretas, até de pontos cronometrados. Algumas vezes estivemos, eu e o Joaquim Margarido, a trocar impressões via Skype, mas foi sobretudo o trabalho solitário, dia após dia, que serviu de base à minha preparação. Apesar da pouca ou nenhuma experiência prática, queria não fazer fraca figura e dignificar a nossa presença na Escócia.
O.R
. – Como foi esse embate com a realidade dum Campeonato do Mundo?
Ricardo Pinto – Até à primeira prova, o Troféu Mundial de TempO, parecia que andava nas nuvens. Tudo correu de forma excepcional, as condições foram perfeitas, toda a gente foi duma simpatia e duma disponibilidade enorme. Lembro-me do jantar logo no primeiro dia, de estarmos à conversa com o Zdenko e com o Ivo, da Croácia, dos conselhos tão importantes que nos deram. Até receber o primeiro mapa do TempO foi tudo verdadeiramente surreal.
O.R . – E depois?
Ricardo Pinto – Bem, quando olhei para o mapa só pensei: E agora? Difícil, muito difícil, completamente à margem de tudo quanto tinha feito até aqui. Com todo o respeito pelas provas em Portugal e pelas pessoas que tudo fazem para nos proporcionar os melhores desafios possíveis, mas isto sim, isto era o Campeonato do Mundo. E ali estava eu, o mapa à frente… só árvores, árvores e curvas de nível, sem quaisquer outras referências. Até à quinta estação, não consegui nunca entrar nos mapas. Não era só a dificuldade dos pontos, era também a pressão do tempo. Tinha de usar a minha intuição e de confiar na sorte mas sentia-me completamente perdido. Também o facto de não haver assistência e de ter de me deslocar pelos próprios meios, num terreno enlameado e debaixo de chuva, não ajudou. Não serve de desculpa – até porque só na quinta estação é que percebi que o mapa também tinha linhas de norte –, mas chegar aos pontos extremamente cansado não ajudava muito na minha concentração. A partir daí comecei a ganhar alguns automatismos, a fazer uma melhor gestão do tempo e as coisas passaram a ser mais calculadas, mais racionalizadas. Só que nessa altura já o mal está feito e é tarde para aspirar a um bom resultado.
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